O ex-presidente de El Salvador, Alfredo Cristiani (1989-1994), enfrenta agora uma ordem de prisão emitida por um tribunal em El Salvador. A acusação é de encobrir os responsáveis por um dos massacres mais brutais da América Latina, ocorrido em 1981, onde cerca de mil pessoas morreram pelas mãos do exército durante a guerra civil.
A “prisão provisória” contra Cristiani foi solicitada pelo crime de “encobrimento pessoal” por ter decretado anistia após o massacre. A decisão do tribunal que cuida do caso foi confirmada por Alejandro Díaz, advogado que acompanha familiares das vítimas. A ordem também abrange cinco ex-deputados, todos acusados de acobertar os supostos responsáveis pelo massacre ao impulsionar a legislação publicada em 1993 e posteriormente revogada em 2016.
De acordo com a resolução, a lei garantia total e absoluta impunidade aos autores materiais e intelectuais do massacre de El Mozote e áreas adjacentes. Este massacre é o maior assassinato em massa conhecido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), que condenou o Estado salvadorenho em 2012.
O governo de El Salvador estimou que pelo menos 988 pessoas, incluindo 558 crianças, foram assassinadas em El Mozote e nas comunidades adjacentes sob suspeita de colaborar com a então guerrilha Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN). O conflito no país resultou em mais de 75.000 mortos, pelo menos 7.000 desaparecidos e milhares de deslocados.
A ordem de prisão contra Cristiani tem sido questionada por sua possível motivação política relacionada às próximas eleições presidenciais. Há preocupações de que isso faça parte de uma manipulação política com uma visão mais eleitoral, em vez de contribuir para a resolução do caso que já tem 42 anos.
Esse decreto judicial tem potencial para incitar mudanças políticas em El Salvador. A aplicação da lei e a justiça para as vítimas de El Mozote trazem à tona questões profundas sobre o passado e o futuro do país. Como o processo contra Cristiani irá se desenrolar, somente o tempo dirá.
