Os pesquisadores identificaram essa nova molécula em um banco de dados de cerca de 45 mil peptídeos sintéticos, moléculas diferentes daquelas que normalmente são a base da maioria dos antibióticos, obtidos da natureza. A partir disso, eles selecionaram uma molécula com atividade antibacteriana, que foi posteriormente otimizada para melhorar sua eficácia e segurança. O medicamento já mostrou resultados promissores, curando ratos com pneumonia causada por A. baumannii, e está atualmente em teste de segurança em seres humanos.
A zosurabalpina funciona bloqueando o transporte de uma molécula chamada lipopolissacarídeo até a superfície da bactéria. Essa molécula é necessária para criar a membrana externa das bactérias gram-negativas. Ao atacar esse mecanismo, a zosurabalpina consegue superar apenas uma das duas membranas que as bactérias gram-negativas possuem, o que torna a A. baumannii mais vulnerável a outros antibióticos.
Apesar da promessa que a zosurabalpina traz, alguns especialistas alertam que novos desafios podem surgir. Rafael Cantón, chefe do Serviço de Microbiologia do Ramón y Cajal Hospital Universitário de Madri, ressalta que embora seja uma boa notícia, a possibilidade de desenvolvimento de novas bactérias resistentes não pode ser ignorada.
Além dos desafios científicos, existem barreiras econômicas na luta contra a resistência aos antibióticos. O mercado de antibióticos quase desapareceu devido aos altos custos envolvidos no desenvolvimento de novos medicamentos. Instituições como a União Europeia estão considerando incentivos públicos para tornar o desenvolvimento de novos antibióticos mais interessante para as empresas farmacêuticas.
A descoberta da zosurabalpina representa um avanço significativo na batalha contra as bactérias super-resistentes, mas ainda há um longo caminho a percorrer na luta contra as infecções resistentes aos antibióticos. Um segundo estudo, publicado na Nature, também oferece informações sobre a atuação do sistema de transporte de lipopolissacarídeos e como o novo antibiótico bloqueia esse mecanismo, fornecendo assim uma base para a busca de novos compostos destinados a desativar a resistência bacteriana.