A família do menino chegou ao Brasil no dia 26 de dezembro, passando pelos aeroportos internacionais de São Paulo e Porto Alegre, antes de seguir para Rio Grande via transporte rodoviário. Segundo o centro de vigilância, a criança não estava no período de transmissibilidade do sarampo durante o trajeto.
No dia 2 de janeiro, a família procurou atendimento por conta de dor abdominal e febre em uma unidade de pronto-atendimento (UPA). O menino foi transferido para o hospital universitário, onde permaneceu em isolamento. Inicialmente, suspeitava-se de malária, mas no dia 4 de janeiro, o paciente apresentou exantema e manchas na pele.
Exames foram realizados para dengue, malária, leptospirose e painel de vírus respiratórios, todos com resultados negativos. Porém, a sorologia (IgM) para sarampo foi reagente, assim como o teste de Rt-PCR (biologia molecular), confirmando o diagnóstico. A Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul reforçou a recomendação de aplicação da vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) para crianças a partir de 1 ano e até os 59 anos.
As autoridades também realizaram bloqueio vacinal seletivo nos familiares, vizinhos e profissionais de saúde, mas afirmam que a criança está bem e que seus familiares não apresentaram sintomas. O estado do Rio Grande do Sul registrou 37 casos de sarampo em abril de 2020 e tem cobertura vacinal contra a doença de 92%, abaixo da taxa de 95% recomendada pelo Ministério da Saúde.
O sarampo é uma doença infecciosa aguda, viral, extremamente contagiosa e especialmente grave em crianças menores de 5 anos. Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, ressaltou que o sarampo era uma doença controlada no Brasil até 2016, quando o país recebeu a certificação de eliminação do vírus em território nacional. Após um grande surto da doença em 2017 e 2018, o Brasil perdeu a certificação e voltou a ser um país endêmico.
Kfouri enfatizou a importância da vigilância e da vacinação para evitar a propagação do sarampo, especialmente diante do aumento recente no número de casos da doença em diversos países. A entrada de pessoas com sarampo no país pode resultar em novos surtos, caso a vigilância e a vacinação não sejam eficazes. A recertificação da eliminação do vírus é esperada para novembro de 2023.