Líder indígena recebe graves ameaças de invasores em território no município de Rondolândia, em Mato Grosso

No município de Rondolândia, localizado no estado de Mato Grosso, o líder Alexandre Xiwekalikit Zoró, presidente da Associação do Povo Indígena Zoró (Apiz), tem sido alvo de graves ameaças de invasores do território. Estes criminosos afirmaram que, caso sofram qualquer tipo de repressão por parte de agentes públicos que atuam na região, o líder indígena terá que lidar com as consequências.

De acordo com Alexandre Zoró, os invasores deixaram bem claro que, se destruírem os bens no território, eles sabem de quem é a culpa. Essa situação, que tem se mostrado cada vez mais recorrente em terras indígenas e que tem preocupado lideranças de diversos pontos do país, revela a vulnerabilidade dos povos originários diante das retaliações após a atuação de forças-tarefas nos territórios.

Segundo uma fonte que preferiu não se identificar, os invasores ameaçaram diretamente o líder indígena alegando saber que foi ele quem denunciou a piora na invasão do território, garantindo que, caso algo aconteça, as consequências cairão sobre ele.

A origem das intimidações ainda não está clara, mas Alexandre Zoró revelou que tanto madeireiros, presentes na Terra Indígena (TI) Zoró há mais tempo, quanto garimpeiros, que chegaram recentemente, estão envolvidos. O líder indígena também denunciou que as lideranças vêm mostrando preocupação em relação à situação do território como resultado da presença desses invasores.

A situação tem se agravado nos últimos dois anos do governo de Jair Bolsonaro, deixando as lideranças apreensivas e temerosas em relação a sua própria segurança, o que acaba gerando um certo receio em denunciar qualquer tipo de violência direta.

Diante disso, Alexandre Zoró defende a instalação de ao menos duas bases de vigilância permanente na TI, nos moldes das existentes na Terra Indígena Sararé, também situada no estado de Mato Grosso. Entretanto, uma proposta nesse sentido encaminhada à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em julho do ano passado, não obteve resposta.

Diversas denúncias sobre o contexto de tensão foram feitas à Funai ao longo dos anos, mas ainda não houve uma solução efetiva para garantir a segurança dos povos indígenas. A preocupação do líder indígena é a de que as forças de segurança realizem incursões rápidas, com os invasores já acostumados com essa lógica. Isso aumenta o risco de retaliações e de violência contra os próprios indígenas, que podem acabar entregando a vida de seus parentes.

A Agência Brasil entrou em contato com diversos órgãos, como o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério dos Povos Indígenas, a Funai, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mas aguarda retorno sobre a situação.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo