Propriedade particular: Terrenos e casas da Vale em Brumadinho têm acesso restrito e moradores desaparecem.

Ao visitar as comunidades próximas à barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho (MG), é notável a presença de uma grande quantidade de terrenos e casas com placas que proíbem a entrada de pessoas não autorizadas. Essa situação é fruto da aquisição desses imóveis pela Vale, sendo que, segundo informações dos moradores, cerca de 180 casas e terrenos foram vendidos para a mineradora na região de Parque da Cachoeira, próxima ao local onde os rejeitos atingiram o Rio Paraopeba.

A Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), entidade escolhida pelos próprios atingidos para prestar assessoria técnica, alerta que a compra de imóveis pela Vale não é considerada indenização, e que os danos ao terreno e à estrutura devem ser devidamente reparados pela empresa. A mineradora, por sua vez, informou que está em andamento um estudo para avaliar o uso futuro desses imóveis, levando em consideração as demandas e características da região.

Outro ponto importante destacado no contexto de Brumadinho é a indenização recebida pelos atingidos, que foi objeto de acordo entre a Defensoria Pública e a Vale. Essa medida, anunciada como uma forma eficaz e rápida de receber os recursos, gerou divergências e críticas por parte de algumas entidades que representam os atingidos, as quais defendiam uma negociação coletiva, além do Ministério Público de Minas Gerais.

O impacto da tragédia também se reflete nas alterações sociais e econômicas das comunidades afetadas. Alguns moradores relatam que, após o rompimento da barragem, a Vale começou a investir mais na região, trazendo melhorias como a construção de praças e aumento na estrutura local. No entanto, essa valorização resultou em um aumento nos aluguéis, o que tem impactado diretamente a vida dos habitantes.

Além disso, a indenização recebida pelas famílias atingidas resultou em conflitos familiares e problemas administrativos, levando a um aumento exponencial de ações no Juizado da Infância. A juíza Perla Saliba Brito, que atuava na Comarca de Brumadinho durante a tragédia, destacou que diversos aspectos relacionados à questão familiar foram afetados, incluindo disputas de inventários, guarda de crianças que perderam os pais, entre outros.

Portanto, cinco anos após a tragédia de Brumadinho, a superação e os desafios enfrentados pelas comunidades impactadas continuam sendo uma realidade presente, permeada por questões ambientais, sociais e econômicas que envolvem a atuação da Vale e as condições de vida dos habitantes locais. A busca por reparação e o enfrentamento dos impactos a longo prazo permanecem como desafios a serem enfrentados por todos os envolvidos.

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