Inicialmente agendado para a tarde do mesmo dia, o julgamento de três recursos contra a decisão do ministro Dias Toffoli, que invalidou as provas, foi suspenso. Na segunda-feira (26), o ministro André Mendonça concedeu um prazo de 60 dias para órgãos públicos e empresas interessadas renegociarem as condições dos acordos da Lava Jato.
Durante a sessão no STF, o ministro Gilmar Mendes criticou novamente os ex-procuradores que atuaram na extinta força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Mendes questionou a competência do MPF para firmar acordos de leniência, alegando que essa autorização não está prevista na Lei Anticorrupção. Além disso, o ministro acusou os ex-procuradores de utilizarem técnicas ilegais de investigação e de buscarem promoção pessoal com motivações políticas.
Em contrapartida, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, defendeu os acordos de leniência e destacou a importância da voluntariedade dos delatores ao assinar os acordos. Fachin também fez uma alusão histórica, mencionando a afirmação do deputado Ulisses Guimarães em 1988 sobre os males da ditadura e da corrupção no Brasil.
Em setembro do ano passado, o ministro Dias Toffoli determinou a anulação de todas as provas obtidas na Lava Jato a partir da análise dos sistemas Drousys e My Web Day, que continham dados internos da Odebrecht relacionados a pagamentos de propina a empresários e políticos. A decisão de Toffoli foi embasada na falta de seguimento adequado dos procedimentos legais de cooperação internacional para a transferência desses dados.
Assim, o cenário jurídico envolvendo os acordos de leniência da Odebrecht e as provas obtidas na Lava Jato continua sendo motivo de debates e decisões no Supremo Tribunal Federal, demonstrando a complexidade e importância do combate à corrupção no Brasil.