Cacique Merong Kamakã Mongoió é encontrado morto em terreno da Vale em Brumadinho, gerando suspeitas de assassinato.

O trágico falecimento do cacique Merong Kamakã Mongoió, encontrado morto na manhã de segunda-feira (4) em Brumadinho (MG), teve repercussão nacional. O líder indígena era responsável por liderar um grupo de indígenas que viviam em um terreno da mineradora Vale há mais de dois anos. Antes disso, os indígenas se encontravam dispersos em áreas urbanas de cidades da região, mas decidiram se instalar no local em outubro de 2021, como um movimento de retomada da aldeia.

Os kamakãs mongoiós fazem parte da família do povo pataxó-hã-hã-hãe, cuja aldeia principal se encontra no litoral sul da Bahia, ao pé do Monte Pascoal. Um vídeo divulgado pelas redes sociais pela União Nacional Indígena (UNI) em março de 2022 mostrou o avanço dos trabalhos em Brumadinho, com Merong explicando a importância da retomada para os indígenas que, por décadas, viveram em áreas urbanas precárias, sem acesso aos direitos assegurados aos povos indígenas.

A comunidade indígena reivindicou vacinas e comida durante a pandemia da covid-19, direitos que lhes foram negados, o que motivou a ocupação do terreno da Vale. Segundo Merong, a terra era destinada para abrigar seus rituais, plantar alimentos e proporcionar uma educação diferenciada para suas crianças. A cerimônia de demarcação simbólica da terra foi realizada, marcando a Aldeia Kamakã Mongoiõ como um território indígena.

No entanto, a morte de Merong trouxe questionamentos e suspeitas. O corpo do cacique apresentava sinais de enforcamento, levando a polícia a registrar o caso como suicídio. No entanto, amigos e familiares do líder indígena contestam essa versão, alegando que Merong foi assassinado. Frei Gilvander Moreira, membro da Comissão Pastoral da Terra e amigo do cacique, afirmou em suas redes sociais que Merong estava cheio de planos para expandir sua luta.

A Polícia Civil e a Polícia Federal estão envolvidas nas investigações, buscando esclarecer as circunstâncias da morte de Merong. A morte do cacique foi lamentada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e por diversas organizações da sociedade civil. A deputada federal indígena Célia Xakriabá (PSOL) expressou seu pesar, destacando que Merong seguirá vivo na luta dos povos indígenas.

Essa triste ocorrência evidencia a importância da preservação e valorização dos povos indígenas e seus territórios, além de ressaltar a necessidade de investigações rigorosas para esclarecer as circunstâncias da morte do cacique Merong Kamakã Mongoió.

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