Jornalista intersexo conquista direito de retificar nome e sexo na certidão de nascimento em reportagem emocionante do G1.

A jornalista e fotógrafa Céu Albuquerque fez história ao se tornar a primeira pessoa intersexo no Brasil a conseguir retificar seu nome e sexo na certidão de nascimento. A recifense de 32 anos passou por oito cirurgias para corrigir uma mutilação sofrida na infância, e o momento em que foi buscar seu novo documento foi acompanhado por uma reportagem do g1.

Mas afinal, o que significa ser uma pessoa intersexo e como a medicina tem lidado com essa condição? De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), pessoas intersexo nascem com características sexuais que não se encaixam nos padrões típicos de corpos masculinos ou femininos. Isso pode incluir diferenças na anatomia sexual, órgãos reprodutivos, padrões hormonais e/ou cromossômicos.

Especialistas estimam que entre 0,05% a 1,7% da população nasce com características intersexo. Essas características podem se manifestar desde o período pré-natal até a puberdade ou fases posteriores da vida. Historicamente, o termo “hermafrodita” era utilizado para se referir a essas pessoas, mas hoje em dia é considerado pejorativo.

A ONU tem se posicionado sobre os direitos das pessoas intersexo, solicitando aos governos em todo o mundo que proíbam cirurgias forçadas e coercitivas, além de outros procedimentos médicos desnecessários em crianças intersexo, especialmente quando não há consentimento total e informado do paciente. Diversos tipos de cirurgias de “normalização” ou “reconstrução genital” são comuns, mas a falta de consenso médico sobre sua necessidade e o momento ideal para realizá-las levanta questões éticas e legais.

Casos de personalidades intersexo, como a modelo Roberta Close e a youtuber Karen Bachini, têm ajudado a sensibilizar o público e a promover discussões sobre essa condição. Céu Albuquerque, por exemplo, portadora de hiperplasia adrenal congênita, descobriu sua condição há quatro anos e desde então tem lutado pela aceitação e pelo reconhecimento de sua identidade.

No entanto, o desafio de lidar com as questões médicas, éticas e sociais relacionadas à intersexualidade ainda persiste, e é fundamental que haja mais informação, respeito e apoio para as pessoas intersexo em nossa sociedade.

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