O estudo realizado pelo projeto Deep-Ocean, financiado pela Fapesp, teve como objetivo original investigar a diversidade da fauna marinha no Brasil. Entretanto, os pesquisadores se depararam com uma realidade chocante ao recolherem os primeiros animais. Embalagens de alimentos, sacolas plásticas, garrafas, latas e equipamentos de pesca foram alguns dos itens encontrados junto aos peixes coletados durante a expedição. Além disso, substâncias altamente tóxicas, como tintas de embarcações e óleo de motor, também foram identificadas no meio marinho.
A análise dos materiais recolhidos revelou que mais da metade dos itens eram compostos por plástico, amplamente presente em todos os locais estudados. Outros elementos, como metais, têxteis, vidro e tintas de embarcações também foram detectados. A presença de microplásticos no oceano foi destacada como um dos impactos negativos dessa poluição, uma vez que essas partículas podem ser ingeridas pelos organismos marinhos, inclusive peixes comerciais.
O estudo foi liderado pela oceanógrafa Flávia Tiemi Masumoto, com a supervisão do professor Marcelo Roberto Souto de Melo, ambos do Laboratório de Diversidade, Ecologia e Evolução de Peixes (Deep Lab) do Instituto Oceanográfico. Os resultados foram publicados no Marine Pollution Bulletin, chamando a atenção para a urgência de medidas de preservação dos oceanos e de conscientização sobre os impactos da ação humana no meio ambiente marinho.