Tragédia migratória em Darién: Meio milhão de pessoas arriscam suas vidas para cruzar entre América do Sul e América do Norte

A travessia entre a América do Sul e a América do Norte tornou-se um desafio cada vez mais recorrente nos últimos anos. O cenário é a perigosa selva de Darién, localizada entre a Colômbia e o Panamá, que antes era considerada uma passagem quase impossível. No entanto, em 2023, mais de meio milhão de pessoas arriscaram suas vidas nesse trajeto, sendo que 113 mil eram menores de idade. Esse fluxo migratório gerou um lucro de US$ 65 milhões aos narcotraficantes, o que representa um aumento significativo em relação aos anos anteriores.

A crescente procura pela travessia de Darién é atribuída ao bloqueio de opções mais seguras para os migrantes chegarem aos EUA, além da piora nas condições de vida em países como Venezuela, Equador e Haiti. No ano passado, os venezuelanos representaram a maioria dos atravessadores, seguidos pelos equatorianos e haitianos. A crise na Venezuela, a insegurança no Equador e o domínio das gangues no Haiti são fatores que impulsionam as pessoas a optarem por enfrentar os perigos da floresta.

Entretanto, aqueles que se aventuram em Darién enfrentam uma série de violências, incluindo abusos sexuais, conforme relata um relatório da Human Rights Watch. A falta de investigação e punição para tais casos é uma das principais falhas no combate a esses problemas. Além disso, a falta de segurança na selva e a ausência de coordenação entre as autoridades dos dois países envolvidos contribuem para a vulnerabilidade dos migrantes.

A atuação do mais poderoso cartel de drogas colombiano, o Clã do Golfo, no controle do fluxo migratório em Darién é preocupante. Eles lucram milhões com a travessia e exercem controle sobre os migrantes, cobrando altas taxas pelo serviço de guia. Há relatos de casos de tráfico humano na região, o que reforça a necessidade de uma abordagem regional para lidar com a situação. O governo panamenho também tem sido criticado por restringir o trabalho de organizações humanitárias que oferecem assistência aos migrantes.

A urgência de uma coordenação regional eficaz para enfrentar o problema da migração na América Latina é evidente. Países como Colômbia e Panamá não conseguem lidar com a crise de forma isolada, sendo necessário estabelecer políticas conjuntas que garantam a segurança e a proteção dos migrantes em sua jornada rumo a uma vida melhor.

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