Acusados de envolvimento em mortes de líder do movimento Mães de Acari são absolvidos por insuficiência de provas.

No julgamento realizado pelo Conselho de Sentença do I Tribunal do Júri, os quatro acusados de envolvimento nas mortes de Edmea da Silva Euzébio e sua sobrinha, Sheila da Conceição, foram absolvidos por insuficiência de provas. As vítimas faziam parte do movimento conhecido como Mães de Acari, formado por mães de 11 jovens da Favela do Acari, que desapareceram em julho de 1990 após serem sequestrados em um sítio em Suruí, bairro de Magé, onde estavam passando o dia.

Edmea e Sheila foram brutalmente executadas a tiros no estacionamento da estação do metrô da Praça XI, no Centro do Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1993. Apesar das acusações contra os réus Eduardo José Rocha Creazola, Arlindo Maginário Filho, Adilson Saraiva Hora e Luis Claudio de Souza, todos foram absolvidos.

Durante a sessão de julgamento, foram exibidos vídeos com depoimentos de testemunhas e do tenente-coronel da reserva da PM Valmir Alves Brum, além do depoimento presencial do delegado Antonio Silvino Teixeira. A promotora Flávia Maria Moura Machado não encontrou provas suficientes para a condenação dos acusados e pediu a absolvição, seguindo o mesmo pedido dos advogados de defesa.

O caso das Mães de Acari remete ao desaparecimento de 11 jovens em Magé em 1990, após serem levados por homens que se identificaram como policiais. O episódio ficou conhecido como Chacina de Acari, no entanto, os corpos das vítimas jamais foram encontrados. Familiares das vítimas clamam por justiça e responsabilização do Estado, uma vez que há suspeitas de que policiais militares e civis estejam envolvidos nos sequestros e mortes.

O caso foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos em 2006, que recomendou medidas ao Estado brasileiro, como oferecer apoio psicológico às famílias das vítimas e estabelecer políticas públicas para evitar violações de direitos humanos. No entanto, tais recomendações não foram cumpridas, levando a uma nova etapa do processo na Corte Interamericana de Direitos Humanos em 2022.

Apesar da absolvição dos acusados no tribunal, o clamor por justiça e a busca pela punição dos responsáveis pelas mortes de Edmea e Sheila permanecem, demonstrando a importância das organizações de defesa dos direitos humanos na luta por justiça e reparação para as vítimas e suas famílias.

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