Estudo revela que apenas três países não criminalizam disseminação de desinformação digital, aponta relatório da Coalizão Direitos na Rede.

Um estudo recente realizado pela Coalizão Direitos na Rede (CDR) revelou que, dentre 104 leis analisadas em 71 países ou blocos regionais, apenas três deles não criminalizam a disseminação de desinformação no ambiente digital. O relatório, lançado na terça-feira (23) na Câmara dos Deputados, destaca a preocupação com a criminalização da disseminação de notícias falsas e seus possíveis impactos na liberdade de imprensa e expressão.

Desde o início da pandemia de covid-19, ao menos 57 leis foram criadas em 44 países com o intuito de punir a disseminação de informações falsas. No entanto, a coalizão alerta para os possíveis efeitos negativos dessas legislações, que podem ser utilizadas para reprimir adversários políticos. A abordagem adotada pelas leis em muitos países revelou implicações prejudiciais para a liberdade de expressão, segundo diversos organismos regionais e internacionais.

O relatório também destaca a conclusão do relator especial da ONU, David Kayne, que avaliou a penalização da desinformação durante a pandemia como desproporcional e ineficaz. Entre os países que criminalizam a disseminação de desinformação estão África do Sul, Costa Rica, Grécia, Angola, Tailândia, China, Nicarágua e Romênia.

No contexto brasileiro, a Coalizão Direitos na Rede defende que as legislações penal e eleitoral já abordam infrações relacionadas à produção e disseminação de informações falsas. O último projeto de lei em análise no Congresso, o PL 2630, que propunha a criminalização da disseminação “em massa” de informações inverídicas, foi descartado após críticas ideológicas.

Para combater a desinformação de maneira eficaz, a representante da CDR Bruna Santos destaca a importância de uma regulação democrática e transparente, que garanta a proteção dos direitos humanos e promova a transparência nas plataformas digitais. A pesquisa também aponta que países desenvolvidos têm sido mais bem-sucedidos na regulação das plataformas em comparação com os países do Sul Global.

Movimentos sociais e especialistas reunidos na Câmara dos Deputados ressaltam a importância de uma regulação adequada das mídias sociais para preservar a democracia brasileira e combater tentativas de desestabilização. O debate sobre a regulação das plataformas digitais ganha protagonismo diante da crescente polarização política e do uso da desinformação como forma de manipulação.

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