A insatisfação dos pernambucanos de baixa renda é um reflexo das dificuldades de acesso ao crédito e do alto endividamento.

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apresentou crescimento de 1,8% no Brasil entre os meses de julho e agosto, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Porém, ao analisar os dados de forma local, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) identificou um aumento de 2% no estado, superando a média nacional. De acordo com a pesquisa, há indícios de melhora na situação socioeconômica em Pernambuco, especialmente no que diz respeito à avaliação do emprego, perspectiva profissional, nível de consumo atual, perspectiva de consumo e momento para a aquisição de bens duráveis.

No que diz respeito ao emprego, 23% dos pernambucanos afirmaram se sentir mais seguros em relação à situação vigente no ano passado. Entre aqueles com renda superior a 10 salários-mínimos, esse percentual é de 37,7%, enquanto entre os entrevistados com renda até 10 salários-mínimos, 34,8% se sentem em condições semelhantes. Em relação à perspectiva profissional, a pesquisa revelou que 37,6% acreditam em uma melhora, 34,5% preveem uma piora e 28% não souberam opinar. É interessante ressaltar que, entre os entrevistados com renda mais alta, 52,7% acreditam ter boas perspectivas profissionais.

No entanto, há uma percepção de recuo na renda entre a população de menor renda em Pernambuco. Cerca de 21,4% das pessoas nessa faixa indicaram uma depreciação em sua situação financeira em comparação ao ano passado. Outro fator que influencia a percepção de consumo é o acesso ao crédito. Enquanto 44,1% da população com renda acima de 10 salários-mínimos afirmam que o acesso ao crédito ficou mais fácil em comparação com o ano anterior, para 29,5% da população de renda mais baixa, o acesso ficou mais difícil.

A pesquisa também aponta uma diferença significativa nos padrões de consumo entre as diferentes faixas de renda. Enquanto 45,9% das famílias com renda até 10 salários-mínimos estão comprando menos em comparação ao ano passado, 42,3% da população que recebe acima de 10 salários-mínimos afirmaram estar comprando mais. Em Pernambuco, 36,4% das famílias de menor renda indicaram um consumo menor em relação ao ano anterior, enquanto 49,5% das famílias de maior renda esperam que o consumo se mantenha igual.

A pesquisa revelou ainda que para 51,1% dos entrevistados este não é um bom momento para a compra de bens duráveis, como televisão, geladeira e fogão. Esse percentual é levemente maior entre a população de menor renda, com 52,6% concordando com essa afirmação. Já entre a população com renda mais alta, 50,5% avaliam que a circunstância é favorável para a aquisição de bens duráveis. Essa insatisfação da parcela menos favorecida da população está relacionada às dificuldades de obter crédito, devido às taxas de juros elevadas e à destinação de uma parte considerável da renda para o pagamento de dívidas.

A pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias, realizada pela CNC em agosto de 2023, é uma importante ferramenta para avaliar a conjuntura econômica e identificar tendências de consumo. Os resultados evidenciam a desigualdade de renda no estado de Pernambuco e apontam um cenário desafiador para as empresas do setor de comércio e serviços. É fundamental que as empresas e governos utilizem esses dados para planejar suas estratégias de negócios e políticas públicas, visando a melhora da situação socioeconômica e a promoção do consumo responsável no estado.

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