Os riscos causados pelos pneumococos afetam tanto crianças quanto adultos e não se limitam apenas às pneumonias.

A meningite pneumocócica é uma doença perigosa e potencialmente fatal causada por uma família de bactérias conhecida como pneumococo. Embora o nome sugira que as infecções sejam limitadas aos pulmões, na verdade elas podem afetar várias partes do corpo, incluindo os pulmões, causando doenças graves como pneumonia, otite, sinusite, bronquite, laringite e meningite, que é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Além disso, a infecção por pneumococo também pode levar a um quadro de sepse, que é uma resposta inflamatória generalizada do organismo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças pneumocócicas são responsáveis por 15% de todas as mortes de crianças menores de 5 anos em todo o mundo. Essas doenças também são consideradas a maior causa de mortalidade infantil por uma doença prevenível por vacinas, causando até 28 mil mortes por ano apenas na América Latina e Caribe. A Sociedade Brasileira de Imunizações destaca a importância da proteção contra o pneumococo, principalmente durante o inverno, quando há uma maior circulação do vírus da gripe e os casos de infecção se tornam mais graves.

Felizmente, existem vacinas disponíveis para prevenir a infecção por pneumococo. No Brasil, essas vacinas são disponibilizadas gratuitamente pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos em 2023. A imunização é especialmente importante na infância, uma vez que as doenças pneumocócicas são mais graves em crianças menores de 5 anos, idosos e pessoas com comorbidades.

A transmissão dos pneumococos ocorre por meio de gotículas de saliva ou muco, que são liberadas no ar quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. O que torna a vacinação ainda mais crucial é o fato de que as pessoas infectadas podem transmitir a bactéria mesmo sem apresentar sinais ou sintomas da doença.

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Flávia Bravo, explica que as pessoas não vacinadas têm maior probabilidade de desenvolver casos graves de doença pneumocócica, pois a bactéria possui uma cápsula de polissacarídeos que a protege e dificulta o combate do sistema imunológico. Essa cápsula determina o sorotipo da bactéria e também influencia a sua virulência, ou seja, o quão grave a infecção pode se tornar.

Para proteger os recém-nascidos contra os pneumococos, a vacinação começa aos 2 meses, com a primeira dose da vacina pneumocócica 10-valente, que previne contra dez tipos de pneumococo. O esquema de vacinação continua aos 4 meses, com a segunda dose, e aos 12 meses, com uma dose de reforço. Já as crianças indígenas devem receber a vacina pneumocócica 23-valente a partir dos 5 anos. Essa vacina também é recomendada para pessoas com mais de 60 anos que moram em instituições de longa permanência. No entanto, a vacina pneumo 23 possui uma eficácia menor do que as vacinas pneumo 10 e pneumo 13, sendo indicada apenas para grupos específicos que já receberam alguma dessas duas vacinas.

A doença pneumocócica também representa um risco significativo para os idosos. De acordo com o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, os pneumococos causam pneumonia pneumocócica em 1 milhão de adultos americanos por ano, sendo que de 5% a 7% desses casos resultam em morte.

A infectologista Elaine Bicudo explica que a proteção contra vários sorotipos de pneumococos é importante devido à diversidade genética da bactéria e aos diferentes quadros clínicos que cada sorotipo pode causar. Atualmente, a vacina pneumo 10 está sendo gradualmente substituída pela pneumo 13, que possui uma cobertura mais ampla. Além disso, há previsão de inclusão da vacina pneumocócica 15-valente nas clínicas privadas.

Em resumo, a meningite pneumocócica e outras doenças pneumocócicas representam um grave problema de saúde pública, especialmente para crianças menores de 5 anos, idosos e pessoas com comorbidades. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir a infecção por pneumococo, e o Programa Nacional de Imunizações disponibiliza vacinas gratuitas para proteger a população contra essas doenças. É fundamental que as pessoas estejam conscientes da importância da vacinação e busquem se imunizar, principalmente aquelas que estão dentro dos grupos de risco. Afinal, prevenir é sempre melhor do que remediar.

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