Especialistas descobrem variante letal do vírus da raiva em morcegos brasileiros. Risco iminente para a saúde humana.

Um novo alerta surge no campo da saúde pública com a descoberta de variantes do vírus da raiva em morcegos do Ceará, semelhantes às encontradas em saguis-de-tufo-branco. Essa descoberta foi realizada por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) e acende um sinal de alerta, uma vez que o vírus da raiva é mortal para os seres humanos.

Essa é a primeira vez que uma variante semelhante à dos saguis é encontrada em morcegos, o que revela uma complexa dinâmica de espalhamento e múltipla transmissão viral entre hospedeiros. A pesquisa analisou 144 amostras de tecido retirado do cérebro de morcegos pertencentes a 15 espécies, como parte do programa nacional de vigilância epidemiológica. Esse programa tem como objetivo monitorar a presença do vírus da raiva em mamíferos encontrados mortos ou com sintomas de infecção pelo vírus.

O RNA das amostras foi extraído para análise dos vírus encontrados, e foram encontrados dois conjuntos de sequências genéticas do vírus da raiva nos morcegos. Um conjunto era compatível com variantes do vírus encontradas em duas espécies de morcego do Sudeste em 2010, e o outro conjunto era semelhante à variante encontrada nos saguis. Os pesquisadores também se surpreenderam ao encontrar essas novas variantes em espécies de morcegos que se alimentam de insetos e frutas, uma vez que os morcegos hematófagos são mais conhecidos por serem hospedeiros e transmissores do vírus.

Com a intensificação da vacinação de animais domésticos, os animais silvestres, como os morcegos e saguis, tornaram-se a principal fonte de raiva humana nas Américas. No Ceará, por exemplo, já foram encontrados sete saguis positivos para raiva. A doença é endêmica na região e já causou agressões a humanos e mortes por raiva.

Os pesquisadores alertam para a não manipulação de morcegos e outros mamíferos silvestres, pois eles podem estar infectados. Em caso de contato direto com esses animais, é necessário procurar atendimento médico imediato para a administração do soro e vacina antirrábicos. O tempo de incubação do vírus da raiva é em média de 45 dias, por isso a profilaxia pós-exposição é essencial para evitar complicações e a morte.

Essa descoberta reforça a importância da vigilância epidemiológica e do controle da raiva em animais silvestres, principalmente os morcegos e saguis, para prevenir a disseminação do vírus para os seres humanos. Ações de educação e conscientização também são fundamentais para evitar situações de contato com esses animais e entender os riscos dessa infecção. Portanto, é essencial que o poder público, profissionais da saúde e a população em geral estejam atentos a esses alertas e sigam as orientações de prevenção e controle da raiva.

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