Presidente do Banco Central afirma que regulamentação dos juros do crédito rotativo do cartão de crédito exige cedência de todos

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu a necessidade de um consenso para a regulamentação dos juros do crédito rotativo do cartão de crédito. Ele ressaltou que é fundamental que cada participante ceda um pouco em busca de uma solução mais estrutural.

Os juros do crédito rotativo são uma das modalidades mais altas do mercado, chegando a 445,7% ao ano em agosto, para pessoas físicas. Enquanto isso, a média das taxas do cartão de crédito ficou em 101,5% ao ano.

Durante entrevista coletiva na sede do BC, em Brasília, para apresentação do Relatório Trimestral da Inflação, Campos Neto destacou que o aumento da carteira de crédito tem sido acompanhado por uma inadimplência cada vez maior e com taxas cada vez mais altas. Ele alertou que isso pode se tornar um problema para as pessoas e para o consumo, então é necessário encontrar uma solução mais estrutural.

O crédito rotativo é utilizado quando o consumidor paga menos que o valor total da fatura do cartão de crédito e dura 30 dias. Após esse período, as instituições financeiras parcelam a dívida. Em agosto, os juros do cartão parcelado ficaram em 194,5% ao ano.

Recentemente, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal aprovou um projeto que limita os juros do crédito rotativo. A proposta prevê que as empresas emissoras de cartão terão 90 dias para encaminhar ao Conselho Monetário Nacional (CMN) uma proposta de regulamentação com a definição desse limite. Caso contrário, os juros não poderão ser maiores que o valor original da dívida.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) criticou o limite de juros para o rotativo, argumentando que poderia inviabilizar os cartões e reduzir a oferta de crédito. Segundo os bancos, os juros elevados são consequência do financiamento do parcelamento de compras sem juros no cartão de crédito, o que impacta no custo de capital, risco de crédito e inadimplência.

Campos Neto também mencionou a resistência de vários setores quanto à limitação ou taxação do parcelamento de compras. Ele afirmou que esse tema também será discutido no CMN durante os 90 dias previstos para a elaboração da proposta de regulamentação dos juros do crédito rotativo.

Durante a entrevista coletiva, os servidores do Banco Central compareceram em protesto, reivindicando a restruturação da carreira e a criação de um bônus de produtividade semelhante ao dos auditores da Receita Federal. Campos Neto manifestou apoio à mobilização da categoria e se comprometeu a corrigir as distorções e valorizar a carreira.

Os sindicatos dos servidores do Banco Central estão em mobilização desde julho deste ano, realizando a operação padrão, na qual os trabalhos são realizados de forma mais lenta. Isso tem resultado em atrasos na divulgação de diversos indicadores econômicos.

Em resumo, o presidente do Banco Central destacou a importância de chegar a um consenso para a regulamentação dos juros do crédito rotativo do cartão de crédito, buscando uma solução mais estrutural. Ele também manifestou apoio à mobilização dos servidores do Banco Central em busca de melhorias na carreira.

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