Doze padres críticos do governo de Ortega são enviados a Roma após acordo com o Vaticano.

Doze padres acusados de diversos crimes na Nicarágua foram enviados para Roma após um acordo com o Vaticano, de acordo com um comunicado do governo divulgado na quarta-feira. Os padres, a maioria detidos ou em prisão domiciliar, são críticos do governo de Daniel Ortega.

O comunicado do governo não fornece detalhes sobre as acusações contra os padres ou sobre quantos estavam detidos ou em prisão domiciliar. No entanto, a oposição afirma que os padres eram “presos políticos” e estavam detidos por expressarem críticas ao governo ou por apoiarem os protestos de 2018.

Alguns dos padres estavam cumprindo pena em um centro penitenciário, após condenações por crimes comuns em julgamentos manipulados. Outros estavam detidos em celas policiais ou sob prisão domiciliar em áreas da Igreja.

As relações entre a Igreja Católica e o governo da Nicarágua se deterioraram após os protestos de 2018, que duraram três meses e resultaram em confrontos entre opositores e apoiadores do governo e na morte de mais de 300 pessoas, de acordo com a ONU. O governo considerou os protestos uma tentativa de golpe de Estado promovido pelos Estados Unidos.

Vários religiosos foram ameaçados de deixar o país ou foram acusados ​​em tribunais. O bispo Rolando Álvarez, um dos críticos mais ferrenhos de Ortega, preferiu a prisão domiciliar ao exílio. Ele foi condenado a 26 anos e quatro meses de prisão por acusações de propagação de notícias falsas e desacato.

O Papa Francisco chamou o governo de Ortega de “ditadura grosseira” em março. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Nicarágua anunciou a proposta de suspensão das relações diplomáticas com o Vaticano.

O envio dos padres para Roma acontece após o encarregado de negócios do Vaticano na Nicarágua, Marcel Diouf, deixar o país em março. No ano passado, Ortega expulsou o núncio apostólico Waldemar Stanislaw Sommertag. Além disso, em agosto, a Nicarágua cancelou a personalidade jurídica da Companhia de Jesus e confiscou a universidade jesuíta de Manágua.

O caso dos padres na Nicarágua continua causando tensões entre o governo e a Igreja, e é visto como um reflexo dos conflitos políticos e sociais no país. O acordo entre o Vaticano e o governo nicaraguense sobre o envio dos padres a Roma ainda não foi detalhado publicamente.

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