Reza Khandan, marido de Sotoudeh, relatou à AFP que sua esposa foi detida no funeral juntamente com outros participantes e ainda foi agredida violentamente. Segundo a agência de notícias Fars, a advogada foi levada sob a acusação de “não utilizar véu” e de “perturbar a segurança mental da sociedade”. Vale ressaltar que, desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres são obrigadas a utilizar véu.
Aos 60 anos, Sotoudeh já foi presa diversas vezes nos últimos anos. Em 2018, ela foi detida após defender uma mulher que protestava contra a obrigatoriedade do uso do véu no país. No ano seguinte, foi condenada a 12 anos de prisão por “incitar a corrupção e o excesso”.
A morte de Armita Garawand ainda é motivo de controvérsia. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra a jovem sendo retirada de um vagão do metrô após perder a consciência. As autoridades afirmam que ela caiu e bateu a cabeça devido a uma queda repentina da pressão arterial e negam qualquer agressão física ou verbal por parte de passageiros ou funcionários do metrô.
Porém, algumas organizações não governamentais afirmam que a estudante foi gravemente ferida após uma agressão cometida por membros da chamada polícia da moralidade, responsável por fiscalizar o código rigoroso de vestimenta das mulheres em público.
Nasrin Sotoudeh é uma figura de destaque na luta pelos direitos humanos no Irã e sua prisão durante o enterro de Armita Garawand gerou grande repercussão internacional. A comunidade internacional tem demonstrado preocupação com a situação dos direitos humanos no país, especialmente no que diz respeito à liberdade de expressão e ao tratamento dado às mulheres.
A prisão de Sotoudeh ressalta a falta de liberdade e o risco constante enfrentado pelos ativistas de direitos humanos no Irã. O episódio também levanta questionamentos sobre o verdadeiro motivo por trás da morte de Armita Garawand e a necessidade de uma investigação imparcial para esclarecer as circunstâncias do ocorrido.
É fundamental que as autoridades iranianas garantam a proteção dos direitos humanos e a liberdade de atuação dos defensores desses direitos. A detenção de Nasrin Sotoudeh deve ser vista como um exemplo claro da repressão enfrentada por aqueles que se levantam em defesa da justiça e da igualdade no Irã.