Estudo do Ipea revela que problemas familiares e desemprego são principais motivos para pessoas viverem nas ruas

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que os principais motivos que levam as pessoas a viverem em situação de rua são problemas familiares e desemprego. Divulgados na última segunda-feira (11), os dados estão baseados no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), que apontou que 227 mil pessoas estavam oficialmente registradas como em situação de rua em agosto de 2023.

O Ipea ressalta, no entanto, que esse número não pode ser considerado um censo oficial, devido às dificuldades existentes para fazer um levantamento preciso desse grupo vulnerável. Além disso, o estudo revelou que além dos problemas familiares e desemprego, outras causas para a situação de rua apontadas pelas pessoas foram alcoolismo e outras drogas, perda de moradia, violência, distância do local de trabalho, tratamento de saúde, preferência pessoal e outras questões diversas.

De acordo com o Ipea, os motivos individuais que explicam a situação de rua podem ser organizados em três dimensões: exclusão econômica, fragilização de vínculos sociais e problemas de saúde, os quais muitas vezes se manifestam simultaneamente. A exclusão econômica envolve insegurança alimentar, desemprego e déficit habitacional, enquanto a fragilização ou ruptura de vínculos sociais abrange laços familiares e comunitários que poderiam fornecer apoio em momentos difíceis.

Quanto ao tempo de permanência na situação de rua, o Ipea constatou que problemas familiares e de saúde, como abuso de álcool e outras drogas, geralmente prolongam a situação. Já razões econômicas tendem a resultar em um período de rua mais curto. O estudo apontou que, em média, 33,7% das pessoas permaneciam nessa condição por até 6 meses, 14,2% entre 6 meses e 1 ano, 13% entre 1 e 2 anos, 16,6% entre 2 e 5 anos, 10,8% entre 5 e 10 anos e 11,7% há mais de 10 anos.

No que diz respeito a dados raciais, geográficos e gerais, o estudo revela que a maioria das pessoas nessa situação se declarou negra (68%), com um número médio de anos de escolaridade menor que o de pessoas brancas. Além disso, apenas 11,6% da população adulta nessas condições era composta por mulheres.

O Ipea salienta que o objetivo do estudo é colaborar com o aprimoramento das políticas públicas voltadas para a população em situação de rua, considerando um conjunto abrangente de informações. Entre as iniciativas nos planos políticos federais, em setembro foi lançado o Guia Inclua – Pop Rua, uma Avaliação de Riscos de Desatenção, Exclusão ou Tratamento Inadequado da População em Situação de Rua por meio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).

Em novembro, o MDHC lançou o Plano de Ação e Monitoramento para Efetivação da Política Nacional para a População em Situação de Rua e, mais recentemente, o governo federal lançou o Plano Nacional Ruas Visíveis – Pelo direito ao futuro da população em situação de rua, que prevê um investimento inicial de R$ 982 milhões em medidas desenvolvidas a partir de sete eixos: Assistência Social e Segurança Alimentar; Saúde; Violência Institucional; Cidadania, Educação e Cultura; Habitação; Trabalho e Renda; e Produção e Gestão de Dados.

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