Brasil aprova 505 novos registros de pesticidas em 2022, no cenário de aumento do consumo de agrotóxicos e impactos na saúde.

Brasil continua batendo recordes no registro de agrotóxicos

O Brasil é atualmente o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, e os números impressionam. Apenas em 2022, foram aprovados 505 novos registros de pesticidas, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Entre 2019 e 2022, foram liberados 2.181 novos registros, com uma média de 545 ao ano. O país também se destaca pelo recente aumento na importação dessas substâncias, atingindo um acréscimo de 87% entre 2010 e 2021.

Os números alarmantes apresentados pelo Ministério da Agricultura chamam a atenção para o quadro crítico desse mercado no Brasil. A recente aprovação do Projeto de Lei dos Agrotóxicos pelo Senado deve intensificar ainda mais o registro dessas substâncias, caso seja sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As mudanças propostas pelo projeto incluem a criação de um risco aceitável para substâncias com impactos relacionados ao desenvolvimento de câncer, alterações hormonais, problemas reprodutivos ou danos genéticos.

Contudo, as mudanças propostas pelo projeto não são vistas com bons olhos por todos os envolvidos. Alan Tygel, da Campanha Contra os Agrotóxicos, acredita que o ideal seria uma maior participação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no processo de análise, ao invés de uma flexibilização da lei. Segundo Tygel, isso pode representar um grande descontentamento.

Além disso, o impacto do aumento do uso desses agrotóxicos na saúde pública é significativo. Entre 2010 e 2019, foram registrados 56.870 casos de intoxicações por agrotóxicos no Brasil, com uma média de 5.687 casos por ano. Este número pode ser ainda mais alarmante se considerarmos as subnotificações e os impactos em grupos específicos, como crianças, adolescentes e gestantes.

O Brasil também se destaca negativamente no cenário global, com um aumento significativo no número de intoxicações por agrotóxicos. Os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS) devido às intoxicações chegam a milhões de reais, o que demonstra a influência econômica direta do uso descontrolado dessas substâncias.

Por fim, a preocupação com a escalada do uso de agrotóxicos não é restrita ao Brasil, mas se estende por todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorram cerca de 385 milhões de casos de intoxicações agudas por agrotóxicos a cada ano em todo o mundo. Desde 1990, a quantidade mundial de agrotóxicos utilizados aumentou em quase 62%, e as mortes anuais por envenenamento não intencional chegam a 11 mil.

Esses dados mostram a urgência de uma regulamentação mais eficiente e a necessidade de maior controle e conscientização sobre o uso de agrotóxicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. O impacto na saúde pública, no meio ambiente e na segurança alimentar é uma preocupação crescente que demanda ações imediatas e eficazes.

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