Por Deise Lopes
Há exatos 35 anos, a vida de Chico Mendes foi interrompida de forma trágica no Acre. O líder seringueiro e ecologista, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, foi assassinado a tiros, deixando um legado de luta e resistência que ecoa até os dias de hoje. Enquanto suas últimas palavras revelam o amor e a devoção à Amazônia, aqueles que conviveram com Chico Mendes continuam a preservar sua memória e manter acesas as chamas de esperança e justiça.
O engenheiro agrônomo Gomercinco Rodrigues, conhecido como Guma, era um grande amigo e companheiro de Chico Mendes. Em uma recente entrevista, Guma relembrou o trágico dia do assassinato e como tentou alertar Chico sobre as ameaças que rondavam sua vida. O líder seringueiro foi alvejado por um tiro de espingarda no peito em frente à sua casa, e, apesar dos esforços de resgate, veio a falecer no hospital.
O crime chocou a comunidade e mobilizou ativistas e autoridades a montarem o Comitê Chico Mendes para cobrar justiça e punição aos culpados. A filha de Chico, Ângela Mendes, atual coordenadora do Comitê, relembra como a organização surgiu como uma estratégia de mobilização para pressionar por justiça e punição dos criminosos. Desde então, o comitê realiza uma semana de mobilização todo ano entre os dias 15 e 22 de dezembro para discutir a situação atual dos trabalhadores da floresta.
O legado de Chico Mendes vai além de sua morte trágica. Sua proposta visionária de criar reservas extrativistas, áreas protegidas com segurança jurídica e física para as populações, se consolidou após sua morte. Medidas como esta e as técnicas de empate utilizadas na época foram frutos do pensamento revolucionário e adiantado de Chico Mendes.
Hoje, mesmo após 35 anos da morte de Chico Mendes, os legados que ele deixou seguem vivos e atuantes. Guma, por exemplo, tornou-se advogado, utilizando seu conhecimento para lutar contra a impunidade e violência que atingem os trabalhadores rurais. Já Ângela Mendes seguiu os passos do pai e atua como ativista socioambiental, preservando a memória de Chico Mendes e atuando em projetos de sensibilização para a Amazônia. Seu legado, portanto, permanece vivo e impactante, inspirando gerações atuais e futuras a lutar pela preservação da Amazônia e a justiça social.
