Belém de Jesus nasceu sob guerra em Gaza: Natal marcado pela tristeza e cancelamento de eventos.

Belém, cidade onde Jesus nasceu, segundo a tradição cristã, enfrenta um clima triste na véspera do Natal. Sem grandes árvores natalinas ou um presépio deslumbrante, a região do território palestino ocupado da Cisjordânia se vê afetada pela guerra em Gaza.

A tradicional missa de Natal, que acontecerá à meia-noite deste domingo, espera receber poucos fiéis e turistas. O êxodo de turistas da região desde o início da guerra entre Israel e Hamas, tornou o destino pouco atrativo para celebrações natalinas, deixando uma atmosfera melancólica na cidade.

O cancelamento de muitos eventos natalinos pelas autoridades municipais de Belém é reflexo do sentimento de luto e desânimo entre os cristãos palestinos, que não encontram ânimo para celebrar enquanto seus compatriotas em Gaza são alvo de bombardeios. A jovem Nicole Najjar, de 18 anos, expressa esse sentimento ao afirmar que é difícil celebrar algo em um momento em que seu povo está morrendo, muitos por esta terra.

A situação é tão impactante que na Praça da Natividade, onde costumava ser decorada com árvores natalinas e presépios, agora há uma obra de arte que representa Maria e José em meio aos destroços e atrás de arame farpado, em referência direta à tragédia em Gaza. A mensagem “Parem com o genocídio, os deslocamentos forçados e suspendam o bloqueio” também é exposta em um dos prédios da praça.

Os números da guerra são chocantes. O ministério da Saúde de Gaza relatou que os bombardeios e incursões terrestres de Israel causaram 20.424 mortes, a maioria mulheres e menores, desde 7 de outubro. Enquanto isso, quase 1.140 pessoas morreram em território israelense, em ataques do Hamas que desencadearam a ofensiva.

A desumanidade e a violência também afetam os locais sagrados. As igrejas, onde cerca de 1.000 palestinos cristãos buscam refúgio, foram alvos dos bombardeios do exército de Israel. O Patriarcado Latino de Jerusalém denunciou a morte de uma mãe e sua filha, atingidas por tiros no único espaço católico em Gaza.

Na esperança de paz, o Patriarca de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, ressaltou a importância de acabar com as hostilidades e buscar a paz. No entanto, a realidade é desoladora e Amir Giacaman, proprietário de uma loja em Belém, expressa a queda acentuada no turismo, mais agravada do que durante a pandemia.

Diante desse cenário, o pastor Mitri Raheb faz um apelo: “Belém trouxe Jesus ao mundo. Chegou a hora de o mundo trazer a paz a Belém e a Gaza”. O Natal, época de celebração e esperança, chega a Belém com um gosto amargo diante da realidade cruel da guerra em Gaza. Enquanto isso, a busca pela paz persiste em meio ao desespero que assola a região.

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