Justiça francesa começa a ouvir depoimentos dos 303 passageiros indianos bloqueados no aeroporto de Vatry por suspeita de tráfico de pessoas.

A Justiça francesa iniciou neste domingo (24) os depoimentos dos 303 passageiros indianos que estavam em um voo dos Emirados Árabes Unidos para a Nicarágua, com escala na França, mas que foram retidos no aeroporto de Vatry, localizado no norte do país, após uma denúncia de possível tráfico de pessoas. A audiência, que aconteceu em um prédio ao lado da área onde os passageiros estão retidos, contou com a presença de advogados e tradutores.

Os passageiros, que incluem 11 menores de idade não acompanhados, estão retidos desde quinta-feira, quando o avião, um Airbus A340 da companhia romena Legend Airlines, foi retido pelas autoridades francesas. O voo, que partiria de Dubai e faria uma escala na França antes de seguir para Manágua, foi interrompido após uma denúncia anônima de tráfico de seres humanos, levando ao bloqueio no aeroporto.

Segundo fontes próximas à investigação, os passageiros, a maioria trabalhadores indianos residentes nos Emirados Árabes Unidos, possivelmente buscavam viajar para um país da América Central para tentar seguir em direção aos Estados Unidos ou Canadá de forma irregular. Até o momento, dez passageiros solicitaram pedidos de asilo. Além disso, dois passageiros foram detidos sob suspeita de tráfico de pessoas e o período de detenção foi prorrogado para uma duração máxima de 48 horas.

A Lei francesa prevê que um estrangeiro pode ser retido na área de espera de um aeroporto por até quatro dias, mas que esse período pode ser prorrogado por decisão judicial, podendo chegar a um máximo de 26 dias, dependendo dos recursos apresentados. A Procuradoria informou que quatro juízes terão até dois dias para ouvir todos os passageiros e mais 24 horas para tomar uma decisão. Além disso, a investigação tentará “verificar se existem elementos que corroborem” as suspeitas de tráfico de seres humanos.

Enquanto aguardam a resolução do caso, os estrangeiros estão sendo assistidos pelo Serviço de Proteção Civil, que instalou chuveiros, banheiros e camas individuais, além de um espaço para famílias. Os membros da tripulação, por sua vez, foram interrogados e autorizados a se retirar livremente. A companhia aérea, por sua vez, afirmou que a investigação e retenção dos passageiros não implica em nenhuma violação por parte da empresa, que possui uma frota de quatro aviões.

O tráfico de pessoas é um crime punido com pena de até 20 anos de prisão e multa de 3 milhões de euros na França. A investigação está sendo conduzida pela jurisdição nacional de combate ao crime organizado e tem como objetivo verificar a denúncia de tráfico de seres humanos. A defesa dos passageiros está em curso e a Justiça deverá decidir nas próximas horas se eles podem ser mantidos na área de espera do aeroporto por prazos maiores do que os quatro dias estabelecidos pela lei francesa.

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