Ataques na região alimentam temor de propagação do conflito em Israel na Faixa de Gaza, mas especialistas consideram possibilidade improvável.

Especialistas têm alertado para o temor de uma propagação regional do conflito de Israel na Faixa da Gaza, após uma série de ataques que mataram um comandante pró-Irã no Iraque e um líder do Hamas no Líbano, somados ao atentado no Irã. No entanto, mesmo diante de tensões crescentes, há quem considere essa possibilidade improvável no momento.

Na terça-feira (2), o número dois do movimento islamista Hamas Saleh Al Aruri, de 57 anos, morreu em um ataque executado em um subúrbio do sul de Beirute, reduto do movimento xiita Hezbollah. Tanto o Líbano quanto o Hamas e um funcionário americano acusaram Israel de envolvimento na morte de Aruri, mas Israel não assumiu a responsabilidade.

Em outra ocorrência, o Irã, aliado do Hamas e Hezbollah, acusou Israel e os Estados Unidos pela dupla explosão que deixou ao menos 84 mortos durante as homenagens no quarto aniversário da morte do general da Guarda Revolucionária iraniana Qassem Soleimani. Ele foi assassinado em um ataque americano em 3 de janeiro de 2020. Washington afirmou que os “Estados Unidos não estiveram envolvidos de nenhuma forma” e que não tinham “nenhuma razão” para acreditar no envolvimento de Israel.

Em um comunicado que acaba de ser divulgado nesta quinta-feira(4), o grupo Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque. Além disso, o Iraque e a organização paramilitar pró-Irã Hashd Al Shaabi também atribuíram aos EUA um ataque com drones em Badgá que matou um de seus alto oficiais militares.

Os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro deixaram cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses. Os combatentes do grupo islamista também fizeram cerca de 250 reféns, dos quais 129 permanecem em cativeiro, segundo as autoridades israelenses.

Após o ataque, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou um bombardeio implacável e uma ofensiva terrestre que deixaram pelo menos 22.438 mortos, a maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo movimento islamista.

Se Israel estiver por trás da morte de Aruri, seria o primeiro ataque deste tipo em Beirute desde a guerra contra o Hezbollah em 2006, que deixou mais de 1.200 mortos no Líbano, a maioria civis, e 160 em Israel, majoritariamente soldados. O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, afirmou na terça-feira, sem comentar diretamente a morte de Aruri, que as tropas de Israel estão preparadas “para qualquer cenário”.

Diversos especialistas avaliam que, embora o risco de escalada seja significativo, não há interesse das partes envolvidas em uma guerra aberta. O Hezbollah, por exemplo, não está interessado em um novo conflito, já que estaria em desvantagem. Por sua vez, o Irã não deve reagir de forma direta, limitando sua resposta à perturbação do comércio marítimo no Mar Vermelho. Assim, a propagação de um conflito regional é considerada pouco provável no momento.

Portanto, apesar das tensões crescentes na região, a possibilidade de uma propagação regional do conflito de Israel na Faixa da Gaza é vista com ceticismo dentro do cenário geopolítico atual.

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