Conferência Nacional de Educação debate questões de gênero e enfrenta resistência conservadora na inclusão do tema no novo Plano Nacional de Educação.

O debate em torno das questões de gênero nas escolas será um dos tópicos discutidos na Conferência Nacional Extraordinária de Educação, um evento de extrema importância que ocorreu em Brasília na última terça-feira (30). Com a proximidade da implementação do novo Plano Nacional de Educação (PNE), educadores têm pleiteado a inclusão dessas pautas no documento que orientará os rumos da educação no Brasil pelos próximos dez anos.

A Ação Educativa é uma das entidades que têm se destacado na promoção e manutenção das discussões sobre gênero no ambiente escolar. Bárbara Lopes, coordenadora do projeto Gênero e Educação na organização, ressaltou que a mobilização tem sido feita por meio da produção de materiais e conversas com jovens e educadores, tanto em São Paulo quanto em outras regiões do país. Além disso, têm sido realizadas contribuições ao texto do PNE como forma de influenciar sua abrangência.

Segundo Lopes, a palavra “gênero” tem sido alvo de críticas devido a um processo de “demonização e estigmatização”, associada a episódios de desinformação, como a disseminação de notícias falsas sobre um suposto “kit gay” distribuído nas escolas. Esse contexto dificultou o diálogo sobre o tema, resultando na redução da compreensão sobre a violência contra mulheres e meninas no ambiente doméstico.

A coordenadora da Ação Educativa atribui a hostilidade e perseguição a educadores que abordam o tema à conjuntura política do governo de Jair Bolsonaro. Ela menciona que os ataques, que incluem processos administrativos, na Justiça, demissões e exposição em redes sociais, têm levado educadores a deixarem escolas ou mesmo cidades.

Lopes destaca que, apesar das adversidades, uma pesquisa realizada pela Ação Educativa com conservadores moderados há cerca de dois anos revelou que eles também defendem ações de combate à violência de gênero e o fomento de reflexões sobre a divisão das tarefas domésticas entre homens e mulheres. Ela ressalta a possibilidade de diálogo com esses setores, apontando que, ao contextualizar as questões, há um consenso mais amplo sobre a importância do debate.

A presença do tema de gênero nas escolas e a sua inserção no novo PNE são questões fundamentais para o fortalecimento de uma educação inclusiva e que reflita a diversidade e as demandas sociais. A discussão em torno dessas temáticas é crucial para o enfrentamento da violência de gênero, a promoção da igualdade e o combate a formas de opressão e discriminação presentes na sociedade. A Conferência Nacional Extraordinária de Educação serviu como um espaço para a reflexão e busca por soluções que atendam às necessidades de toda a comunidade educacional.

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