Brasil produz 77,1 milhões de toneladas de resíduos por ano, ainda sem tratamento adequado, representando problema de saúde pública e ambiental.

A produção excessiva de resíduos tem se mostrado um problema constante no Brasil. A quantidade de lixo descartada pela população gera desafios consideráveis para as autoridades, tanto no que diz respeito à saúde pública quanto à preservação do meio ambiente. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), o país produz em média 77,1 milhões de toneladas de resíduos por ano, sendo que grande parte desse volume acaba sendo depositado de maneira inadequada, em lixões, córregos urbanos e terrenos baldios.

De acordo com a Abrema, em 2022, as prefeituras e o setor privado destinaram R$ 31,2 bilhões à limpeza urbana, um valor 4,2% maior que o registrado em 2021. Isso representa um gasto médio de R$ 11,96 por habitante/mês com serviços como varrição de ruas, limpeza após feiras, coleta e transporte de lixo. A situação se reflete em comunidades como Brasilândia, onde moradores têm enfrentado problemas com o acúmulo de lixo, especialmente em períodos de chuva, quando os resíduos acabam sendo arrastados pela água e invadem casas.

Diante desse cenário, é essencial sensibilizar a população sobre a importância de descartar corretamente o lixo. No entanto, a falta de pontos de entrega voluntária (PEV) para recicláveis pode dificultar esse processo. De acordo com o Mapa da Desigualdade, Brasilândia aparece em 91º lugar no ranking de bairros com PEV, enquanto Marsilac fica em 94º lugar. A ausência desses pontos pode prejudicar a expansão da coleta seletiva de recicláveis, contribuindo para a baixa taxa de reciclagem de resíduos plásticos pós-consumo, que ficou em 25,6% em 2022.

A conscientização da população sobre a responsabilidade individual de descartar corretamente o lixo é fundamental para a melhoria desse cenário. Além disso, ações educativas e campanhas de conscientização podem ser eficientes para mudar o comportamento dos cidadãos. A Secretaria Executiva de Limpeza Urbana de São Paulo destaca que foram realizadas mais de 600 ações de educação ambiental no primeiro semestre de 2023, visando alertar a população sobre a importância de separar corretamente o lixo.

O envolvimento de crianças nesse processo também é relevante, como destacado pela desenvolvedora Simone Carvalho, do Movimento Plástico Transforma. Ela ressaltou a importância de incluir a temática da responsabilidade sobre o lixo nas escolas, para que desde cedo os alunos compreendam a relevância desse cuidado. Além disso, medidas como criar pontos de entrega voluntária (PEV) em regiões com baixa disponibilidade desses locais e oferecer suporte aos catadores de recicláveis são estratégias que podem contribuir para a redução do impacto ambiental causado pelo descarte inadequado de resíduos.

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