Líderes da UNRWA, a maior agência da ONU na Faixa de Gaza, alertaram que podem enfrentar uma severa escassez de recursos necessários para manter suas operações humanitárias a partir de fevereiro. Isso ocorre à medida em que um número crescente de países suspendem suas doações à agência e surgem alegações sobre a influência do grupo extremista Hamas em suas atividades.
A Áustria está entre os 13 países que suspenderam os repasses à UNRWA, juntando-se a essa decisão nesta segunda-feira. Isso ocorre após um relatório sobre a suposta relação entre alguns funcionários da organização e o Hamas ser divulgado. A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, defendeu a realização de uma auditoria na UNRWA, que chegou a demitir parte dos trabalhadores acusados de pertencer ao grupo terrorista.
De acordo com a acusação de Israel, pelo menos 12 funcionários da agência participaram diretamente no pior atentado da história do país. As alegações incluem provas de que um trabalhador da UNRWA raptou uma mulher e outro participou de um massacre em um kibutz. As Nações Unidas estão investigando as acusações, que foram tornadas públicas pela primeira vez na sexta-feira. Nove funcionários já foram demitidos.
Segundo informações de militares israelenses, 10% dos 13 mil funcionários da UNRWA em Gaza (1,3 mil pessoas) seriam membros do Hamas. Israel alega que chegou a esse número por meio do cruzamento de uma lista de funcionários da agência com um diretório de membros do Hamas encontrado em um computador durante uma operação recente em Gaza.
A agência, que é a única dedicada exclusivamente aos palestinos, desempenha um papel crucial em Gaza, distribuindo alimentos, água e medicamentos. Caso deixe de existir, não está claro quem preencheria o vazio administrativo e logístico no território. Com a maior parte dos 2,2 milhões de habitantes de Gaza deslocados devido ao conflito, a comunidade internacional teme que um colapso da agência possa levar a uma crise humanitária devastadora.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pretende se reunir na terça-feira com representantes dos principais doadores da UNRWA para instá-los a manter a agência em funcionamento.
A polêmica em torno da UNRWA tem desviado a atenção da comunidade internacional da crise humanitária em Gaza, alerta a OMS. A agência também alerta sobre o risco de que a organização que já está com uma crise financeira iminente, se desmembre, isso pode agravar ainda mais a situação de vulnerabilidade da população palestina na região.
