Indígenas waorani rejeitam adiar fechamento de bloco petrolífero em reserva de Yasuní para financiar guerra no Equador

Na última quinta-feira (1º), um setor dos indígenas Waorani rejeitou a possibilidade de adiar o fechamento de um bloco petrolífero dentro da reserva de Yasuní, na Amazônia do Equador, para financiar a guerra do presidente Daniel Noboa contra o narcotráfico. O referendo realizado no ano anterior havia decidido pela suspensão da exploração de um dos vários campos de petróleo em Yasuní, localizado no leste do país. Porém, o presidente Noboa anunciou que “a moratória [do fechamento do bloco 43] é um caminho viável” para continuar a explorar o petróleo, mesmo em meio a uma crise financeira.

O vice-presidente da Nacionalidade Waorani do Equador (NAWE), Ene Nenquimo, afirmou que uma parte dos Waorani decidiu “rejeitar […] a intenção de uma moratória aos resultados da consulta popular para seguir explorando o petróleo em Yasuní”. Segundo ela, essa atitude “ataca a democracia e viola a decisão soberana dos equatorianos”. Além disso, durante uma assembleia da NAWE, foi declarado “estado de emergência em todo o território da nacionalidade Waorani”, com o objetivo de realizar um “diagnóstico demográfico, socioeconômico e ambiental” de sua população. Juan Bay, presidente da NAWE, destacou que o povo Waorani tem sofrido mudanças significativas desde o contato inicial com os colonizadores, incluindo doenças, mudanças culturais e de tradição.

A organização ressalta que os Waorani possuem um território ancestral de 678.220 hectares reconhecido pelo Estado em diferentes províncias amazônicas. Parte dessas terras está localizada no Parque Nacional Yasuní, um local considerado reserva da biosfera e habitado por povos em isolamento voluntário, como os Tagaeri e Taromenane, associados aos Waorani. A recusa da moratória imposta pelo governo Equatoriano visa à proteção dessas terras e da população indígena, em respeito à decisão popular e à preservação da região de Yasuní. Por fim, as autoridades equatorianas estimam perdas significativas em decorrência da suspensão do bloco 43, que produz 57 mil barris por dia, e reúnem os campos Ishpingo, Tambococha e Tiputini (ITT).

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