Fitzgerald também mencionou “motivações políticas” na ação de extradição analisada no julgamento. Dois magistrados examinam o recurso de Assange contra os Estados Unidos, que deseja julgá-lo pelo vazamento em grande escala de documentos confidenciais. Já o advogado do governo dos Estados Unidos, James Lewis, acusa Assange de “atentar contra os interesses estratégicos e de segurança nacional” e de “colocar vidas em perigo”.
O fundador do WikiLeaks, que está detido desde 2019, enfrenta a possibilidade de extradição por ter publicado mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos. Se a extradição for aprovada, Assange pode ser condenado a uma pena de até 175 anos de prisão nos Estados Unidos.
Em entrevista à BBC, a esposa de Assange, Stella Assange, alertou sobre o estado de saúde frágil do australiano de 52 anos, afirmando que “a saúde dele está piorando, física e mentalmente. A vida dele corre perigo a cada dia que permanece na prisão e, se for extraditado, ele vai morrer”.
A relatora especial da ONU sobre a tortura, Alice Jill Edwards, também pediu ao governo britânico a “suspensão da iminente extradição de Julian Assange” devido ao risco de suicídio e à possibilidade de que sua sentença seja desproporcional.
O australiano foi detido pela polícia britânica em 2019, depois de passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, buscando refúgio para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, que mais tarde foram retiradas. Desde então, está na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, no leste de Londres. A apelação de Assange foi infrutífera, e um tribunal britânico autorizou sua extradição, aceita pelo governo britânico.
Caso o veredito seja a favor de Assange, ele enfrentará outra audiência no Reino Unido para confirmar que não será extraditado. O julgamento continua até quarta-feira, mas caso seja derrotado, Assange ainda teria um último recurso a ser julgado no Tribunal Europeu de Direitos Humanos.