Projeto de Lei de isenção fiscal para líderes religiosos gera polêmica e será analisado pela Câmara dos Deputados.

O Projeto de Lei 61/24, que está em análise na Câmara dos Deputados, propõe dispensar líderes religiosos de pagar impostos sobre valores recebidos em razão da atividade religiosa, independentemente de regulamentação pelo Poder Executivo. De acordo com a proposta, a isenção fiscal se aplicaria a valores recebidos de instituições religiosas por pastores, padres e similares, mesmo em condições diferenciadas por antiguidade, grau de instrução, número de dependentes, posição hierárquica ou local de domicílio.

O autor do projeto, o deputado Rafael Prudente (MDB-DF), defende a aplicação imediata do benefício, independentemente de regulamentação. Segundo Prudente, “é primordial que se inclua na lei que o dispositivo em comento tem aplicação imediata, independente de qualquer regulamentação”.

No entanto, a proposta gera polêmica. Em janeiro de 2024, o Ministério da Fazenda decidiu revogar um ato interpretativo editado durante o governo de Jair Bolsonaro que ampliava a isenção fiscal para pagamentos diferenciados a líderes religiosos. O atual governo considerou o benefício atípico e alegou a falta do “crivo da subsecretaria de tributação da Receita”.

Além disso, a ampliação da isenção fiscal para líderes religiosos é objeto de uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU), que analisa a legalidade e legitimidade do benefício, bem como a possibilidade de desvio de finalidade e ausência de motivação para o ato.

O projeto também estabelece que os valores pagos conforme características e condições que configurem prestação de serviço serão considerados remuneração e estarão sujeitos à cobrança de impostos. Além disso, permite que a entidade religiosa estabeleça relação de emprego com seus integrantes, devendo, nesse caso, recolher as contribuições sociais incidentes sobre os valores pagos a eles como empregados.

A proposta será analisada pelas comissões de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania em caráter conclusivo.

Portanto, a discussão sobre a isenção fiscal para líderes religiosos levanta importantes questões sobre a legislação tributária e a separação entre Estado e religião. O desfecho dessa proposta pode ter impactos significativos na forma como as instituições religiosas e seus líderes são tributados no Brasil. A sociedade aguarda, com expectativa, o desenrolar desse debate no Congresso.

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