Essas denúncias vêm à tona após semanas de relatos sobre violência, agressões sexuais e estupros que teriam acontecido ao longo de duas décadas no centro educacional em Lestelle-Betharram, que era administrado pela congregação até 2009. Alain Esquerre, criador de um grupo no Facebook para coletar testemunhos, afirma que o Ministério Público iniciou uma investigação em fevereiro, após receber 20 denúncias, seguidas por mais 13 e muitas outras.
Um ex-aluno, que estudou no centro nos anos 1980, declarou: “Nunca aceitarei a violência gratuita que sofremos. Roubaram anos da minha infância. Agora descobrimos o indizível. Deveria ser um escândalo nacional!”. Os ex-alunos acusam seis padres e outras duas pessoas ligadas à instituição católica Notre-Dame-de-Betharram, que atualmente é administrada em conjunto com a congregação Filles de la Croix. O diretor atual do centro manifesta sua “compaixão” e “apoio” às vítimas dos atos condenáveis.
A Congregação do Sagrado Coração de Jesus de Betharram, presente em 15 países, incluindo Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Espanha, disse estar ciente do sofrimento das vítimas e se comprometeu a acompanhar o processo de reconstrução das mesmas. Uma comissão independente estimou que cerca de 216 mil menores foram vítimas de abusos por parte de padres e religiosos na França entre 1950 e 2020, número que sobe para 330 mil se incluir os trabalhadores de instituições religiosas.
Ex-alunos como Antoine e Brice apresentaram denúncias de abusos e violência, incriminando supervisores e seguranças da instituição. Christophe Marejano relata um suposto “sistema de predadores” que operou por mais de 35 anos. As vítimas, muitas vezes, teriam vivido esses horrores em silêncio, em um ambiente de medo e opressão. A história de abusos e trauma que envolve a Congregação do Sagrado Coração de Jesus de Betharram coloca em evidência a necessidade de justiça e de proteção às vítimas. O caso segue em investigação e é esperado que os responsáveis sejam levados a julgamento.
