Violência contra jornalistas no Brasil: 330 ataques registrados em 2023, queda de 40,7% em relação ao ano anterior.

No dia 8 de janeiro do ano passado, a jornalista Marina Dias, do renomado jornal The Washington Post, localizado nos Estados Unidos, passou por um verdadeiro pesadelo. Durante a cobertura dos ataques antidemocráticos que ocorreram em Brasília nessa data, Marina foi alvo de insultos e agressões físicas. Ela foi jogada no chão e continuou sendo vítima de violência, até que um militar a ajudasse em meio ao caos. Mesmo após ser escoltada, ela ainda sofreu agressões por parte das pessoas presentes.

De acordo com um levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), no ano de 2023, jornalistas no Brasil foram vítimas de 330 ataques, o que representa uma diminuição de 40,7% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 557 casos. A entidade destacou que muitos desses ataques estiveram relacionados aos episódios que ocorreram em 8 de janeiro, como o caso de Marina Dias.

Entre os principais tipos de agressões relatadas, destacam-se episódios de violência física, destruição de equipamentos, perseguições e intimidações contra os profissionais da imprensa. A pesquisadora Rafaela Sinderski, da Abraji, ressaltou que a queda no número de violências em 2023 pode estar relacionada às mudanças no cenário político, com o fim do mandato do então presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a pesquisa, aproximadamente 38,2% dos casos de agressão foram considerados graves, envolvendo ameaças de morte, perseguições e violência física. Além disso, discursos estigmatizantes representaram 47,2% dos casos de violência, incluindo ofensas verbais e campanhas de descredibilização de jornalistas e meios de comunicação.

A pesquisa também destacou que 55,7% dos ataques tiveram agentes estatais como agressores, o que levanta preocupações sobre a segurança dos jornalistas no exercício de sua profissão. A entidade ressaltou que as redes sociais desempenham um papel significativo nesse cenário, com 52,1% dos ataques originados ou repercutidos na internet, especialmente contra jornalistas mulheres.

Diante desse cenário alarmante, a Abraji recomendou que os poderes públicos reforcem as políticas de proteção aos jornalistas vítimas de ataques, que as plataformas de redes sociais desenvolvam mecanismos para combater a violência online e que as empresas jornalísticas adotem medidas de formação, prevenção e proteção para seus profissionais. Aos jornalistas, a recomendação é que não deixem de denunciar as agressões sofridas no exercício de sua profissão.

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