Segundo especialistas, a construção do Trem Maya ameaça os cenotes, que são poços de água cristalina e pedra calcária que compõem um sistema geológico único na península de Yucatán. Estima-se que existam cerca de 2.400 desses poços interconectados, que são considerados uma das joias turísticas do México.
O biólogo e espeleólogo Roberto Rojo, integrante do coletivo ambientalista Sélvame del Tren, expressou sua tristeza ao testemunhar a destruição causada pela perfuração das colunas do trem. Imagens capturadas pelo grupo mostraram uma enorme broca abrindo um buraco na selva para a instalação de um dos pilares do viaduto, desafiando uma sentença judicial que havia ordenado a suspensão da obra até que fossem avaliados os impactos e medidas de proteção necessárias.
Os ativistas denunciam que o governo, visando inaugurar o trecho antes do término do mandato de López Obrador, alterou o plano original do projeto, movendo a construção para dentro da selva e causando danos irreparáveis ao ecossistema subterrâneo, inclusive a rios que abastecem o Recife Maya.
Apesar das alegações do presidente mexicano de que os vazamentos de concreto estavam sob controle, relatórios da procuradoria ambiental mostraram cinco incidentes desse tipo, além de sinais de ferrugem e vazamentos em outros pilares. A limpeza das áreas afetadas não foi concluída e a preocupação dos ambientalistas é de que o impacto da obra seja incalculável.
Diante das críticas e acusações, o governo defende a criação de nove áreas naturais protegidas nos trechos concluídos do trem, totalizando mais de um milhão de hectares. Apesar disso, a controvérsia em torno do Trem Maya continua crescendo, com o embate entre os defensores do meio ambiente e as autoridades mexicanas se intensificando a cada dia.
