Fotógrafos ousados desafiam ditador brasileiro nos anos 80 e entram para a história da cobertura política no Brasil

No dia 24 de janeiro de 1984, um grupo de fotógrafos desafiou a autoridade do então presidente João Figueiredo ao se recusarem a fotografá-lo. Essa atitude corajosa ficou conhecida como “Máquinas ao chão” e marcou um episódio de resistência durante a ditadura no Brasil.

Os profissionais da imagem vinham enfrentando atritos constantes com Figueiredo, que não os tratava com a devida consideração. Em uma ocasião, o presidente recebeu o deputado federal Paulo Maluf e, ao ser sugerido que sorrisse para as fotos, Figueiredo respondeu que sorria apenas quando quisesse. Outro incidente ocorreu quando Figueiredo, após sofrer um acidente e com o braço engessado, foi fotografado coçando o rosto, gerando ainda mais tensão entre os fotógrafos e o general.

A situação piorou quando os fotógrafos foram impedidos de entrar no gabinete presidencial para registrar reuniões, e Figueiredo passou a proibir o acesso deles ao local. Diante dessas limitações, em 24 de janeiro de 1984, os profissionais decidiram colocar as câmeras no chão quando o presidente desceu a rampa do Palácio do Planalto.

Apesar do gesto ousado, os fotógrafos não sofreram represálias diretas de Figueiredo. Eventualmente, foram convidados para outros eventos, e em um deles o general os convidou para um coquetel, pedindo que deixassem as câmeras de lado. Esse episódio tornou-se emblemático para a história do jornalismo brasileiro, sendo registrado no documentário “A Culpa é da foto”, lançado em 2015.

Os profissionais que participaram desse ato de bravura são lembrados e respeitados até hoje. Para o diretor do filme, Joédson Alves, esse protesto dos jornalistas credenciados no Palácio do Planalto contra um ditador é um símbolo de resistência e coragem para a profissão. A história desses profissionais serve de inspiração para as gerações futuras de jornalistas.

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