O dia que os fotógrafos desafiaram a ditadura: episódio de resistência no Palácio do Planalto completa 40 anos

No dia 24 de janeiro de 1984, os profissionais da fotografia protagonizaram um gesto de resistência que marcou a história da cobertura política durante a ditadura no Brasil. O episódio, conhecido como “Máquinas ao chão”, ocorreu no pé da rampa do Palácio do Planalto, quando os fotojornalistas se recusaram a fotografar o então presidente João Figueiredo, após uma série de atritos com o general.

O repórter fotográfico Sérgio Marques, que tinha 25 anos na época, relembra que os conflitos entre os profissionais da imagem e o presidente Figueiredo eram frequentes. Em uma ocasião, o presidente se recusou a sorrir quando o deputado Paulo Maluf sugeriu, e em outra, a tensão aumentou após Figueiredo proibir o acesso dos fotógrafos ao seu gabinete, devido a uma indiscrição sobre o conteúdo de uma reunião divulgado aos repórteres de texto.

Diante dessas restrições, os fotógrafos credenciados resolveram se posicionar no dia 24 de janeiro de 1984. No momento em que o presidente desceu a rampa do Palácio do Planalto, eles colocaram suas câmeras no chão, em um ato de protesto e de ousadia diante do autoritarismo do regime.

Esse episódio foi retratado no documentário “A Culpa é da foto”, lançado em 2015, que destacou a coragem dos profissionais da imagem que desafiaram um ditador. O diretor do filme, Joédson Alves, destacou a importância desse protesto como um símbolo para os jornalistas brasileiros, ressaltando a bravura dos fotojornalistas que participaram do evento, como Moreira Mariz, Sérgio Marques, e outros.

Para Joédson Alves, que não estava envolvido com a fotografia na época do episódio, o ato dos profissionais foi emocionante e serviu como uma referência de coragem e determinação na profissão. O documentário está disponível para acesso no YouTube, eternizando a memória da resistência jornalística contra a ditadura no Brasil.

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