Embate entre Elon Musk e ministro do STF reacende discussão sobre a regulação da internet no Brasil, apontam especialistas.

Os embates recentes entre o bilionário Elon Musk, proprietário do X (antigo Twitter), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes repercutiram intensamente e trouxeram à tona discussões sobre a regulação da internet no Brasil. Em meio a críticas de Musk em relação às restrições de perfis no X e a sua recusa em cumprir decisões judiciais, Moraes incluiu o empresário no inquérito das milícias digitais, destacando que “as redes sociais não são terra de ninguém”.

Especialistas entrevistados pelo Estadão destacam fragilidades no ordenamento jurídico brasileiro que têm contribuído para impasses entre grandes empresas de tecnologia e o Poder Judiciário. Jonas Valente, membro da organização Direito à Comunicação e Democracia e da Coalizão Direitos na Rede, aponta seis brechas nas regulamentações atuais, como a falta de obrigações de transparência, garantias de liberdade de expressão, e um modelo de instituições regulatórias participativo.

Embora existam leis que regulamentam o ambiente digital, como o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados, há um vácuo legal que permite que impasses como o de Musk e Moraes ocorram. A ausência de uma legislação clara sobre moderação de conteúdo e suspensão de contas também é destacada por especialistas, como Caio Vieira Machado, pesquisador em Harvard.

A legislação atual estabelece que as plataformas digitais não podem ser responsabilizadas por conteúdos de terceiros, exceto em casos em que decisões judiciais determinam a exclusão desses conteúdos. O Projeto de Lei das Fake News, que tramita no Congresso desde 2020, é apontado como uma atualização necessária para lidar com questões ainda não previstas no Marco Civil de 2014.

No entanto, há resistência e pouca previsão de votação do projeto, mesmo após o embate entre Musk e Moraes. Para João Victor Archegas, coordenador do ModeraLab, a questão vai além da legislação e reflete um desafio mais amplo entre o Estado e empresas de tecnologia, que estão desafiando as decisões judiciais. A discussão sobre a regulação do ambiente digital no Brasil continua sendo um tema polêmico e complexo, envolvendo questões de liberdade de expressão, responsabilidade das plataformas e fiscalização adequada.

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