Terras quilombolas de Pitanga dos Palmares, na Bahia, são reconhecidas pelo Incra após anos de conflitos e violência

Após enfrentar diversos conflitos territoriais ao longo dos anos, a Comunidade Pitanga dos Palmares, localizada nos municípios de Simões Filho e Candeias, na região metropolitana de Salvador, teve suas terras finalmente reconhecidas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O território quilombola, que abrange quase 647 hectares e é habitado por 162 pessoas, sendo 150 delas consideradas quilombolas, teve sua delimitação oficializada por meio de uma declaração publicada no Diário Oficial da União.

Apesar de já ser reconhecida como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares desde 2004, a Comunidade Pitanga dos Palmares enfrentou diversos desafios ao longo de sua história. Desde resistir ao regime escravagista no século 19 e estabelecer-se na fazenda Mucambo, a comunidade enfrentou conflitos territoriais, especialmente a partir da década de 1940, com a instalação de oleodutos para transporte de petróleo na região.

Além disso, empreendimentos públicos e privados, como polos industriais, rodovias, ferrovias e a construção da Colônia Penal de Simões Filho, impactaram significativamente no modo de vida da população local, que se mantinha com atividades sustentáveis como agricultura familiar, pesca artesanal e manejo da piaçava. A especulação imobiliária também afetou a comunidade ao longo dos anos.

O reconhecimento oficial das terras quilombolas pela Incra representa uma importante conquista para a Comunidade Pitanga dos Palmares, que há anos luta pela garantia de seus direitos territoriais. No entanto, as tragédias que marcaram a história da comunidade, como os assassinatos de Binho do Quilombo e de sua mãe, Mãe Bernardete, evidenciam que a luta pela garantia da posse da terra ainda enfrenta diversos desafios e interesses conflitantes.

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