Para especialistas e instituições governamentais e não governamentais, o ano de 1991 marca um marco na presença dos indígenas nos censos, pois a partir dessa data passaram a ser recenseados sem serem alocados em outras categorias, como pardos. A demógrafa Rosa Colman, graduada em geografia e doutora em demografia, destaca que a autodeclaração indígena vem sendo incentivada, inclusive pelas políticas de cotas, contribuindo para a autoafirmação dos povos originários.
Rosa, que é da etnia aché, aponta que as condições para os indígenas no Brasil vêm melhorando ao longo do tempo, possibilitando que mais pessoas se identifiquem como pertencentes a esses grupos étnicos. A presença dos indígenas nos centros urbanos tende a aumentar, assim como a busca por estudo e trabalho, e a autoafirmação dessas comunidades se fortalece conforme o contexto melhora.
O aumento na autodeclaração indígena reflete também uma estratégia étnica de garantir a sobrevivência física e cultural dos povos, conforme aponta Rosa em sua tese de doutorado. Ela ressalta que ainda existem demandas por melhorias na educação e saúde indígena, e que a discriminação nos serviços públicos ainda é uma realidade a ser superada.
No que diz respeito ao futuro das comunidades indígenas no Brasil, Rosa acredita que a diversidade étnica e cultural se manterá, com muitos indígenas morando em cidades, mas também em terras indígenas. A demarcação de terras e o acesso às inovações tecnológicas são vistos como caminhos para proporcionar segurança territorial e desenvolvimento para essas comunidades. A tendência é de que a presença e representatividade indígena na sociedade brasileira cresça, refletindo a luta e resistência desses povos ao longo dos anos.