E-mail do ex-chefe da BHP pode reforçar argumentos da defesa dos atingidos pela tragédia de Mariana no Reino Unido

No tribunal do Reino Unido, um e-mail revelado durante o processo judicial sobre o rompimento da barragem da mineradora Samarco vem sendo utilizado pela defesa dos atingidos para reforçar seus argumentos em busca de responsabilizar a BHP Billiton. O episódio, que ocorreu em novembro de 2015 na cidade de Mariana, Minas Gerais, resultou em 19 mortes e causou impactos devastadores para diversas cidades ao longo da bacia do Rio Doce.

O e-mail, enviado por Marcus Randolph, ex-chefe de divisão da BHP e ex-integrante do conselho da Samarco, um dia após a tragédia, foi endereçado a outros dois executivos da mineradora anglo-australiana, incluindo o diretor executivo Andrew Mackenzie. O texto do e-mail revela que o conselho da Samarco, composto por representantes da BHP Billiton e da Vale, realizou um relatório independente sobre a segurança da barragem antes do desastre.

Na correspondência, Randolph destaca sua preocupação com a segurança da barragem e coloca-se à disposição para colaborar, ressaltando que enviou diversas cartas solicitando revisões da barragem. Os atingidos, representados por cerca de 700 mil pessoas, buscam indenizações por danos morais e materiais, destacando perdas de propriedades e rendimentos, impactos psicológicos, entre outros prejuízos.

O processo, que teve início no Reino Unido em 2018, já passou por várias instâncias e deve ter audiências que avaliarão as responsabilidades marcadas para outubro deste ano. Os advogados dos atingidos sustentam que o e-mail reforça a ideia de que a BHP Billiton estava ciente dos riscos da barragem e buscam agora acessar os documentos mencionados na correspondência.

A BHP Billiton, por sua vez, destaca que a audiência recente foi procedimental e não discutiu o mérito do caso. O processo, que envolve diferentes partes e interesses, deve se prolongar, com previsão de análise dos pedidos de indenização individual apenas no final de 2026. Enquanto isso, o Brasil também enfrenta desafios na reparação dos danos causados pela tragédia, com questionamentos judiciais e tentativas de repactuação do processo reparatório em andamento.

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