E-mail revela alerta da BHP Billiton sobre risco de colapso da barragem da Samarco em Mariana, usado em processo judicial no Reino Unido.

No desenrolar do processo judicial em curso no Reino Unido relacionado ao desastre da barragem da mineradora Samarco em Mariana, Minas Gerais, um e-mail revelado em uma audiência no Tribunal de Tecnologia e Construção em Londres tem sido utilizado pela defesa dos afetados para reforçar seus argumentos. O e-mail, enviado por Marcus Randolph, ex-chefe da BHP e ex-membro do conselho da Samarco, destaca a preocupação com a segurança da barragem e a comunicação de riscos à mineradora Anglo-Australiana.

No e-mail, Randolph expressa tristeza com o rompimento da barragem e menciona um relatório independente feito a pedido da BHP alguns anos antes do desastre. Na correspondência, ele relata ter enviado comentários extensos sobre os riscos da barragem após visitar o local e ter solicitado revisões à diretoria. A defesa dos atingidos considera que esse e-mail é uma peça fundamental para comprovar que a BHP estava ciente dos riscos de colapso da barragem.

O processo no Reino Unido representa cerca de 700 mil atingidos que buscam indenizações por danos morais e materiais causados pelo desastre. Além disso, municípios, empresas e instituições religiosas também estão envolvidos na ação. As audiências para avaliar as responsabilidades pela tragédia estão programadas para outubro deste ano, mas o desfecho do caso pode se arrastar até o final de 2026.

Enquanto o processo reparatório no Brasil envolvendo a Fundação Renova, criada a partir do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), enfrenta diversos questionamentos judiciais e críticas em relação à demora na reconstrução de áreas afetadas e aos valores das indenizações. A Justiça Federal também condenou Samarco, Vale e BHP a pagar uma indenização milionária por danos morais coletivos, decisão da qual as mineradoras estão recorrendo.

Diante desse cenário, a BHP Billiton destacou que a recente audiência no Reino Unido foi procedimental e não discutiu o mérito do caso, enfatizando que as discussões sobre provas e documentos são comuns nessa fase do processo. As alegações sobre a responsabilidade das mineradoras serão objeto de futuras audiências em outubro de 2024, com a duração prevista de 14 semanas. A definição das responsabilidades e as possíveis indenizações individuais devem se estender até o final de 2026.

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