A paleontóloga Kamila Bandeira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), realizando seu doutorado em Londres e pesquisando no referido museu, se deparou com os fósseis e resolveu analisá-los. Em meio ao período de pandemia, ela recuperou as fotos feitas anteriormente e iniciou uma nova fase de estudo. A descoberta acabou revelando não apenas a importância histórica dos achados, mas também a identificação de uma nova espécie de dinossauro.
Junto com a pesquisadora Valéria Gallo, também da UERJ, Kamila nomeou a nova espécie de dinossauro como Tietassaura derbyiana, em homenagem à personagem Tieta do Agreste, de Jorge Amado, e ao geólogo Orville A. Derby, fundador do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Essa nova espécie de dinossauro, conhecida por viver no Recôncavo Baiano, é a primeira encontrada no país pertencente ao grupo dos ornitísquios, caracterizados por serem dinossauros herbívoros com um focinho em forma de bico.
Com cerca de 2 a 3 metros de comprimento, a Tietassaura derbyiana abre novas perspectivas sobre a evolução e diversificação dos dinossauros. Os estudos realizados por Kamila e Valéria foram publicados neste mês de abril no periódico científico Historical Biology, ressaltando a necessidade de preservar coleções históricas para contribuir com o avanço da ciência. Esta descoberta representa não apenas um marco na paleontologia brasileira, mas também um passo significativo para o entendimento da biodiversidade pré-histórica na região da América do Sul.