Na semana passada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que gravações de sete casos haviam sido enviadas. No entanto, a Promotoria de São Paulo declarou que apenas três confrontos foram registrados nas imagens enviadas até o momento. A Promotoria investiga, por enquanto, apenas as 16 mortes anteriores. Nos outros dez confrontos, a Polícia Militar afirmou que não havia imagens disponíveis, contradizendo informações anteriores em que a PM alegava que nove dos 16 confrontos eram registrados por câmeras corporais.
A Operação Escudo, deflagrada no fim de julho, é a ação da Polícia Militar mais letal desde o massacre do Carandiru, ocorrido em 1992. A operação teve início após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota. Moradores denunciaram assassinatos de pessoas desarmadas, invasões de casas por policiais mascarados, ameaças a moradores e pelo menos um caso de tortura. No entanto, o governo Tarcísio de Freitas nega as acusações e afirma que não há evidências.
Os promotores responsáveis pelo caso já assistiram a 50 horas de imagens e analisaram 12 laudos do Instituto Médico Legal. Agora, eles pretendem comparar as imagens com os laudos, a versão dos policiais e os depoimentos das testemunhas. No entanto, a análise das câmeras ainda não foi concluída, segundo o Ministério Público.
A Polícia Militar afirmou, em nota, que possui 10.125 câmeras operacionais portáteis que abrangem 52% dos batalhões do estado. A seleção das equipes que atuaram na Operação Escudo foi baseada em critérios técnicos e operacionais, visando manter ações de policiamento preventivo na região e em todo o estado. As mortes ocorridas durante a operação estão sendo investigadas pelas polícias Civil e Militar. Todo o conjunto probatório, incluindo as imagens das câmeras corporais, está sendo compartilhado com o Ministério Público e o Poder Judiciário.
Além disso, na manhã de terça-feira (15), um delegado da Polícia Federal foi atingido por um tiro na cabeça, em Guarujá. O estado de saúde dele é grave.
Desde 2019, parte dos policiais militares utiliza câmeras acopladas aos uniformes. A implantação dessa tecnologia teve resultados positivos na redução das mortes de suspeitos e de policiais, tornando-se uma nova forma de coleta de provas. Durante a campanha eleitoral ao governo estadual, Tarcísio chegou a mencionar que retiraria a obrigatoriedade dos policiais utilizarem câmeras corporais, mas voltou atrás em sua decisão. O atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que seria realizada uma revisão das câmeras corporais da Polícia Militar, mas depois esclareceu que o “Programa Olho Vivo” seria mantido.