Advogada das vítimas do caso Camaragibe afirma que ao relembrarem, as pessoas revivem todas as experiências dolorosas.

O drama que envolve a família vítima de uma ação policial em Camaragibe está longe de chegar ao fim. Desde a noite de quinta-feira (14), quando ocorreu o incidente, o caso já resultou em oito homicídios e afetou diretamente a vida de pessoas que não tinham qualquer relação com a situação.

Além dos dois policiais e do suspeito do assassinato, cinco familiares também perderam a vida. E além dessas perdas, outras três pessoas da mesma família enfrentam um momento de angústia. Entre elas está Ana Letícia, uma jovem grávida de sete meses.

Os familiares estão profundamente abalados com o ocorrido, e a mãe de Ana Letícia está devastada. Segundo a advogada da família, Aline Maciel, cada vez que eles relembram a situação é como se estivessem vivendo tudo novamente.

Ana Letícia, de 18 anos, estava na casa dos pais quando foi surpreendida pela presença de um homem conhecido como Alex Samurai, que estava fugindo da polícia. Na tentativa de escapar, ele teria utilizado a jovem como escudo humano. Durante a troca de tiros entre os policiais e o suspeito, Ana Letícia foi gravemente ferida por um tiro na cabeça enquanto segurava uma criança no colo.

A moça perdeu a visão de um olho e parte do cérebro, e está internada em estado grave no Hospital da Restauração. O bebê também está em estado estável. Além de Ana, outro membro da família foi atingido. Um adolescente de 14 anos, primo da jovem, foi baleado na cabeça enquanto tentava socorrê-la.

A sequência de tragédias continua com o relato do irmão de Ana, Carlos Augusto. Mesmo sem ter envolvimento direto com o caso, o jovem foi torturado pelos policiais. Ele foi levado à Arena de Pernambuco, onde seria agredido, mas uma delegada interveio e impediu o abuso. Carlos ainda foi enviado para a delegacia, onde foi novamente agredido.

Nesta segunda-feira (18), todos os familiares presentes no momento da ação policial prestaram depoimento ao Grupo de Operações Especiais (GOE). Durante uma reunião realizada ontem, os advogados solicitaram ao Governo de Pernambuco a transferência de Ana Letícia para outro hospital, alegando preocupações com sua segurança devido ao grande fluxo de pessoas no Hospital da Restauração. O pedido será analisado amanhã.

Os advogados também se reuniram com representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE, que irá acompanhar o caso. A família ainda relata ameaças de morte, o que torna a proteção das vítimas uma questão prioritária.

O secretário-executivo da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Jayme Asfora, detalhou os programas de proteção oferecidos no estado, como o Núcleo de Acolhimento Provisório (NAP), o Programa de Proteção de Crianças e Adolescentes Ameaçadas de Morte (PPCAM) e o Programa de Proteção às Vítimas e Testemunhas (Provita).

O caso continua sendo investigado pela Secretaria de Defesa Social, sob o comando do GOE. Através do NAP, a Secretaria Executiva de Direitos Humanos ofereceu atendimento psicossocial e jurídico aos envolvidos desde que tomou conhecimento do caso.

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