Os incêndios florestais têm se tornado cada vez mais comuns nos últimos anos devido às mudanças climáticas e às práticas de manejo destrutivas. No entanto, muitos desses focos podem ser previstos com a ajuda da tecnologia. Segundo Souza, esses fenômenos são monitorados por satélites que registram as coordenadas dos focos de incêndio quando eles se iniciam, levando em consideração a resolução de cada satélite. Essa coleta de dados ocorre 24 horas por dia.
O método desenvolvido pelo pesquisador consiste no cruzamento das informações de foco de incêndio com dados meteorológicos obtidos de uma estação situada a 34 quilômetros do Parque Nacional Chapada das Mesas. Essa estação registra informações como temperatura, radiação solar, velocidade do vento, umidade e chuva. Com base nessas informações, a IA é capaz de aprender padrões de condições meteorológicas e de disparo de incêndios florestais, o que permite a prevenção de situações semelhantes no futuro.
A prevenção é crucial para mitigar os desastres causados pelos incêndios. Com a identificação antecipada da probabilidade de ocorrência de um incêndio, é possível comunicar às instituições responsáveis e tomar as medidas necessárias para apagar o fogo antes que ele se espalhe. Além disso, essa metodologia de previsão também permite a proteção da biodiversidade e do patrimônio genético brasileiro.
No entanto, apesar dos testes bem-sucedidos realizados no Parque Nacional Chapada das Mesas, o pesquisador lamenta que o sistema não tenha sido implantado pelo Poder Público. Faltam políticas públicas que incentivem a utilização dessas metodologias baseadas em inteligência artificial, não apenas para prevenir desastres naturais, mas também em outras áreas, como a saúde.
Souza está otimista de que o governo atual, comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, possa se apropriar dessas tecnologias e implementá-las em políticas públicas. Além da previsão de incêndios florestais, o pesquisador também desenvolveu recentemente, na Bélgica, um modelo de previsão de surtos epidemiológicos de doenças respiratórias usando inteligência artificial. Outros modelos visam prevenir surtos de Covid-19 com base na poluição do ar e nas condições meteorológicas.
Essas metodologias baseadas em inteligência artificial têm o potencial de trazer benefícios significativos para a sociedade e a biodiversidade brasileira, mas é necessário o apoio e a implementação efetiva por parte do governo. A ponte entre a academia e o governo precisa ser fortalecida para que essas descobertas sejam utilizadas em larga escala e tragam impactos positivos.