Nova metodologia com inteligência artificial identifica focos de incêndio com 85% de acerto e 12 horas de antecedência.

Uma metodologia desenvolvida pelo professor Fábio Teodoro de Souza, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), tem conseguido identificar focos de incêndio com 12 horas de antecedência e uma taxa de acerto de 85% com o uso de inteligência artificial (IA). Essa metodologia, disponível desde 2015, foi testada no Parque Nacional Chapada das Mesas, localizado no Maranhão, mas pode ser aplicada em qualquer lugar do país.

Os incêndios florestais têm se tornado cada vez mais comuns nos últimos anos devido às mudanças climáticas e às práticas de manejo destrutivas. No entanto, muitos desses focos podem ser previstos com a ajuda da tecnologia. Segundo Souza, esses fenômenos são monitorados por satélites que registram as coordenadas dos focos de incêndio quando eles se iniciam, levando em consideração a resolução de cada satélite. Essa coleta de dados ocorre 24 horas por dia.

O método desenvolvido pelo pesquisador consiste no cruzamento das informações de foco de incêndio com dados meteorológicos obtidos de uma estação situada a 34 quilômetros do Parque Nacional Chapada das Mesas. Essa estação registra informações como temperatura, radiação solar, velocidade do vento, umidade e chuva. Com base nessas informações, a IA é capaz de aprender padrões de condições meteorológicas e de disparo de incêndios florestais, o que permite a prevenção de situações semelhantes no futuro.

A prevenção é crucial para mitigar os desastres causados pelos incêndios. Com a identificação antecipada da probabilidade de ocorrência de um incêndio, é possível comunicar às instituições responsáveis e tomar as medidas necessárias para apagar o fogo antes que ele se espalhe. Além disso, essa metodologia de previsão também permite a proteção da biodiversidade e do patrimônio genético brasileiro.

No entanto, apesar dos testes bem-sucedidos realizados no Parque Nacional Chapada das Mesas, o pesquisador lamenta que o sistema não tenha sido implantado pelo Poder Público. Faltam políticas públicas que incentivem a utilização dessas metodologias baseadas em inteligência artificial, não apenas para prevenir desastres naturais, mas também em outras áreas, como a saúde.

Souza está otimista de que o governo atual, comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, possa se apropriar dessas tecnologias e implementá-las em políticas públicas. Além da previsão de incêndios florestais, o pesquisador também desenvolveu recentemente, na Bélgica, um modelo de previsão de surtos epidemiológicos de doenças respiratórias usando inteligência artificial. Outros modelos visam prevenir surtos de Covid-19 com base na poluição do ar e nas condições meteorológicas.

Essas metodologias baseadas em inteligência artificial têm o potencial de trazer benefícios significativos para a sociedade e a biodiversidade brasileira, mas é necessário o apoio e a implementação efetiva por parte do governo. A ponte entre a academia e o governo precisa ser fortalecida para que essas descobertas sejam utilizadas em larga escala e tragam impactos positivos.

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