Argentina busca novo motivo de orgulho: Disputa pelo sexto Nobel, agora de Literatura

Em meio à grave crise econômica que assola a Argentina, o país busca novos motivos de orgulho para a população. Depois de vencer a Copa do Mundo de futebol masculino no ano passado, a disputa agora é pelo sexto Nobel, agora de Literatura, cujo ganhador do prêmio, avaliado em R$ 4,8 milhões, será anunciado na quinta-feira em meio a uma forte campanha nas redes sociais pelo candidato argentino.

O representante do país este ano é o escritor César Aira, autor de mais de 100 livros. Até hoje, cinco argentinos foram laureados com o Nobel: Bernardo Houssay e César Milstein, vencedores do prêmio de Fisiologia/Medicina; Luis Federico Leloir, agraciado na categoria Química; Adolfo Pérez Esquivel e Carlos Saavedra Lamas, que conquistaram o famoso Nobel da Paz.

No entanto, a última vez que um argentino venceu o prêmio foi em 1984, com o Nobel de Milstein, considerado um dos pais da imunologia moderna. O Brasil, por outro lado, nunca conseguiu vencer em uma categoria do prêmio em seus 122 anos de história.

A busca por mais uma vitória argentina chegou a mobilizar uma campanha nas redes sociais, lançada pelo escritor Daniel Mecca, autor do livro “Aira ou morte” (2023) — um romance com doses de humor e fantasia no qual o indicado ao Nobel é o líder de uma organização política que atua clandestinamente para que ele vença a prestigiada premiação. O título parodia o slogan dos anos 1970 em referência ao ex-presidente Juan Domingo Perón: “Perón ou morte”.

Em uma postagem, Mecca anunciou que os leitores que comprarem seu livro poderiam pedir o dinheiro de volta caso Aira vença de fato o Nobel este ano.

O cotado deste ano, porém, aparece apenas em 17º lugar nas listas de apostas, atrás de favoritos como o chinês Can Xue, o norueguês Jon Fosse e o japonês Haruki Murakami. Muitos nomes figuram entre os candidatos há anos, como Anne Carson e Stephen King, “o pai do terror”.

Há, ainda, destaques de outras áreas, como a música. A cantora Lana del Rey e o ex-Beatles Paul McCartney, também estão na lista das casas de aposta. Em 2016, o compositor e cantor americano Bob Dylan ganhou o Prêmio Nobel de Literatura.

— Por que o Aira deveria ganhar o Prêmio Nobel de Literatura? Se há uma coisa que sabemos nestas terras é que não ganhar não desacredita uma literatura, mas se nos colocarmos no plano rigoroso de falar sobre a importância de sua obra, há um capital em Aira que hoje, entre tantos ‘eus’ da literatura, é uma mercadoria: a imaginação — argumento Mecca em entrevista ao jornal argentino La Nación. —Aira tem o ofício da imaginação e isso nos leva de volta a um estado primário da literatura, que é simplesmente inventar histórias. Com seus pequenos romances pacientes, contos de fadas dadaístas; com sua imaginação febril, frenética e alucinada, Aira faz literatura do outro imaginado. (Com La Nación).

Até o ano passado, 115 Prêmios Nobel de Literatura foram concedidos: 102 a homens e 17 a mulheres, em 25 idiomas diferentes. Em 1974, foi estabelecido que o prêmio não poderia mais ser concedido postumamente. O único escritor a ganhar após sua morte foi o sueco Erik Axel Karlfeldt, em 1931. Apenas 11 autores de língua espanhola (cinco espanhóis e seis latino-americanos) foram agraciados com o título.

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