Especialistas defendem reformulação do ensino para incluir conteúdos sobre mudanças climáticas e educação ambiental

Especialistas ouvidos pelas comissões de Educação e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados defenderam a importância de reformular o ensino para ampliar os conteúdos relacionados às mudanças climáticas. Para eles, é fundamental repensar a forma como as disciplinas são ensinadas nas salas de aula, incorporando temas como mudança climática, refugiados do clima e crises hídricas.

A analista de Políticas Públicas do Instituto Talanoa, Taciana Stec, destacou que não é mais possível ensinar ciências sem abordar as mudanças climáticas. Segundo ela, questões como geopolítica e recursos hídricos não podem ser discutidas separadas do contexto das mudanças ambientais. Portanto, é necessário adaptar o currículo escolar para que os estudantes possam compreender a complexidade desses problemas e se preparar para enfrentá-los no futuro.

Já a diretora de Políticas Educacionais do Instituto Península, Mariana Breim, afirmou que a educação ambiental tem chegado de forma equivocada às salas de aula, gerando medo e culpa nas crianças. Segundo ela, é necessário capacitar os professores para que possam abordar o tema de maneira mais adequada e construtiva. A educação ambiental não deve ser vista como um assunto isolado, mas sim integrada de forma transdisciplinar em todas as disciplinas.

A deputada Socorro Neri (PP-AC), que solicitou o debate, ressaltou a importância de estratégias diversificadas para promover a educação climática em todo o país. Segundo ela, é preciso buscar diferentes formas de abordar o tema, levando em consideração as características regionais e os diferentes públicos-alvo. A meta é construir uma mentalidade de integridade ambiental, prezando pela sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

Cayo de Alcântara, professor de Ciências e Ecologia e fundador da Coalização Brasileira pela Educação Climática, enfatizou a importância de desenvolver uma educação crítica sobre o tema. Ele destacou que é necessário desconstruir a ideia de que a culpa pela crise climática e perda da biodiversidade é de todos os seres humanos, quando na verdade apenas 10% da população é responsável por metade desses problemas. Assim, é fundamental que os estudantes tenham acesso a informações corretas e possam refletir de forma crítica sobre as causas e consequências da crise ambiental.

Neusa Helena Rocha Barbosa, analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, afirmou que a educação ambiental não se limita apenas às questões climáticas, mas também engloba outros aspectos, como conservação florestal e proteção das águas. Para ela, é necessário promover a transdisciplinaridade na educação ambiental, integrando diferentes disciplinas e áreas do conhecimento.

Durante o debate, a estudante Débora, da Escola Classe 403 Norte, em Brasília, fez um apelo aos deputados, destacando a urgência de realizar mudanças em favor da continuidade da vida no planeta. A jovem afirmou que o modo de vida humano está impactando negativamente o meio ambiente e ressaltou a necessidade de vontade política para combater o desmatamento e as queimadas no Brasil.

Em resumo, o debate realizado na Câmara dos Deputados evidenciou a importância de reformular o ensino para incluir conteúdos sobre mudanças climáticas. Especialistas consideram fundamental abordar temas como mudança climática, refugiados do clima e crises hídricas de forma transdisciplinar. Além disso, é necessário evitar a carga de medo e culpa nas crianças ao tratar da educação ambiental, capacitando os professores para abordar o assunto de forma construtiva. A educação climática deve considerar a diversidade do país e promover uma consciência crítica sobre a crise ambiental.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo