Clã do Golfo lucra milhões com controle de rota migratória na Colômbia, afirma Human Rights Watch

O principal cartel de narcotráfico na Colômbia, conhecido como Clã do Golfo, lucrou milhões de dólares este ano com o controle da rota migratória no Estreito de Darién. Segundo a Human Rights Watch (HRW), a organização arrecadou dezenas de milhões de dólares com o controle da rota migratória.

A HRW aponta que mais de meio milhão de pessoas cruzaram o Estreito de Darién em direção ao norte, geralmente em direção aos Estados Unidos, ao longo do último ano. A ONG visitou a selva pantanosa na fronteira entre Colômbia e Panamá em quatro ocasiões para realizar o relatório.

No lado colombiano do Darién, o Clã do Golfo controla as rotas utilizadas pelos migrantes e solicitantes de asilo, decide quem pode ajudá-los no caminho, extorque aqueles que se beneficiam do fluxo migratório e estabelece normas de conduta. De acordo com dados obtidos pela HRW, o Ministério da Defesa da Colômbia estima que o Clã cobra, em média, 125 dólares por pessoa que atravessa o Darién.

Especialistas consultados pela AFP afirmam que, com o preço da cocaína em queda, o cartel está usando os fluxos migratórios para diversificar suas finanças, por vezes combinando as atividades ilícitas de tráfico de drogas e migração. Juan Pappier, subdiretor para as Américas da HRW, ressalta que há casos em que o cartel envia lanchas com cocaína paralelamente às lanchas com migrantes. Ele ainda explica que, quando a Marinha se aproxima para interceptá-las, os traficantes jogam os migrantes ao mar para poder avançar com as embarcações carregadas de droga.

Além disso, a HRW aponta que as restrições ao movimento de países sul-americanos até o México e América Central, frequentemente promovidas pelos Estados Unidos, contribuíram para aumentar o número de pessoas que cruzam o Estreito de Darién. No lado panamenho, os migrantes também estão expostos a criminosos que rotineiramente cometem roubos e abusos sexuais. A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirma ter atendido 950 pessoas, a maioria mulheres, que sofreram violência sexual ao cruzar o Darién desde abril de 2021. A HRW aponta que quase 20% dos migrantes que se aventuram nessa rota perigosa são menores de idade.

A HRW defende a necessidade de um “status de proteção regional para migrantes, pelo menos para haitianos e venezuelanos, que permitiria regularizar na região” pessoas que estariam dispostas a ficar. Juanita Goebertus, diretora para as Américas da HRW, acrescenta que a política dos Estados Unidos não pode se concentrar em impedir os migrantes ao longo do caminho, mas sim em investir na regularização e integração socioeconômica na América Latina.

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