Lula critica instituições internacionais em cúpula virtual Vozes do Sul Global e defende reformulação da governança global.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva proferiu palavras contundentes durante sua participação na segunda cúpula virtual Vozes do Sul Global, realizada pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, nesta sexta-feira (17). O ex-líder do Brasil destacou a falência das instituições internacionais em face das atuais tragédias humanitárias, reforçando a necessidade de uma governança global mais efetiva e inclusiva.

Lula tem reiterado em seus discursos em diferentes fóruns internacionais que o modelo de governança vigente não representa mais a geopolítica do século 21. Ele enfatiza a importância de uma representação adequada de países emergentes em órgãos como o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Atualmente, esse conselho, responsável por decisões cruciais para a paz internacional, é composto apenas pelos Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, que têm poder de veto. O presidente ressalta que a composição desatualizada do conselho perdeu efetividade e credibilidade diante dos desafios atuais.

Durante a cúpula, Lula também abordou a necessidade de restaurar a confiança no multilateralismo e resgatar as tradições humanistas, principalmente diante do impacto desproporcional das tragédias humanitárias sobre mulheres e crianças. Ele também mencionou o conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, na Faixa de Gaza, que já vitimou milhares de crianças.

A iniciativa Vozes do Sul Global reuniu 125 países com o objetivo de promover a troca de impressões sobre as prioridades, desafios e soluções a partir da perspectiva de nações em desenvolvimento. O presidente Lula enfatizou a importância dessa iniciativa, sendo o segundo chefe de Estado a discursar durante o evento.

Lula destacou que a presidência brasileira do G20, que se inicia em dezembro, trará à luz as necessidades dos países do sul global, focando especialmente no combate à fome e na mitigação da mudança climática. Ele ressaltou que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável representam as aspirações do chamado terceiro mundo, mas apenas um quinto das metas está progredindo como esperado.

O presidente propõe a redução das desigualdades como um objetivo-síntese da agenda mundial, alertando para o crescimento do abismo entre países ricos e pobres e salientando as dificuldades enfrentadas pelas nações em desenvolvimento em áreas como acesso a medicamentos, regulação da inteligência artificial e dívidas limitantes para o desenvolvimento sustentável. Ele encerrou seu discurso ressaltando a importância de buscar soluções coletivas e inclusivas para alcançar um mundo mais equitativo e justo.

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