Durante semanas, as pesquisas apontaram uma disputa acirrada entre três candidatos, mas nos últimos dias de campanha, a extrema-direita registrou um avanço. A Europa esteve atenta a essas eleições antecipadas, já que Rutte desempenhou um papel importante em vários temas, desde o resgate da zona do euro até a guerra na Ucrânia.
Dilan Yesilgoz, do Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD, centro-direita) de Mark Rutte, pode tornar-se a primeira mulher a assumir o posto de chefe de Governo. “Chegou a hora”, declarou à AFP. Frans Timmermans, ex-comissário europeu, lidera uma aliança entre trabalhistas e o Partido Verde, recuperando algum apoio pouco antes da votação, segundo as pesquisas.
Analistas acreditam que os eleitores de esquerda votariam no Timmermans para tentar impedir uma coalizão de direita, após o avanço da legenda de extrema-direita Partido Pela Liberdade (PVV), de Geert Wilders. Yesilgoz, 46 anos, que nasceu na Turquia, poderia surpreender ao afirmar que estava aberta a uma possível coalizão com o PVV. Wilders, por sua vez, tentou polir sua imagem recentemente e suavizou algumas de suas posições mais extremas.
O novo partido, o Novo Contrato Social (NSC), do carismático e iconoclasta Pieter Omtzigt, registrou uma leve queda após o rápido avanço nas pesquisas posterior à fundação da legenda em agosto. O deputado afirmou diversas vezes que não deseja assumir o cargo de primeiro-ministro, o que gerou dúvidas entre os eleitores.
Os principais temas de campanha incluíram imigração, custo de vida e a crise da habitação, além do próprio recorde de longevidade no poder de Rutte. Nenhum partido parece ter condições de superar 20% dos votos em um sistema político fragmentado. A formação do último governo exigiu o recorde de 271 dias, e agora, tudo ainda pode acontecer. O clima pós-eleitoral é de total incerteza, e julgamentos sobre o resultado final são precipitados.