Em discurso durante a assembleia anual do Conselho Mundial do Povo Russo, Putin destacou a importância de preservar as tradições de famílias numerosas na Rússia, cuja taxa de natalidade atualmente despencou para níveis inferiores aos registrados durante a crise do colapso da União Soviética em 1991. O líder russo acredita que a promoção do “amor” pela família é essencial, mas o governo tem adotado medidas mais coercitivas para tentar estimular o aumento da natalidade.
Além da proibição de abortos em clínicas particulares, o ministro da Saúde, Mikhail Murashko, propôs limitar a venda da pílula do dia seguinte em farmácias e deixar o procedimento nas mãos de centros médicos controlados pelo Estado. Isso sem contar a pressão de algumas autoridades para que as russas não percam tempo estudando para obter um diploma universitário.
O governo federal ainda não aprovou essas medidas, mas governadores de várias regiões já introduziram alguma forma de restrição ao aborto por iniciativa própria. Além disso, Putin deu sinal verde para uma anistia às presas sob critérios específicos, visando apoiar o desejo das mulheres de dar à luz.
Essas medidas têm gerado controvérsias e divisões na sociedade russa. Enquanto algumas autoridades defendem uma abordagem mais coercitiva, outras criticam o governo por tentar controlar a natalidade das mulheres de forma autoritária. O debate público tem mostrado discordâncias sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho, na educação e no planejamento familiar.
Em meio a essa polêmica, Putin tem adotado uma postura mais cautelosa, ressaltando que é necessário mostrar todos os lados positivos de uma família grande, sem impor decisões às mulheres. No entanto, o presidente tem sido alvo de críticas por parte de políticos que defendem a ideia de que as mulheres devem abandonar seus estudos para se concentrar no lar. A questão do papel da mulher na sociedade e no planejamento familiar ainda promete gerar muitas discussões no país nos próximos anos.
